Escritor Caruaruense Álvaro Lins é reverenciado no seu Centenário
Chefe da Casa Civil de JK e embaixador em Portugal, o caruaruense revisou diversas vezes sua trajetória política, sempre pautado pelo humanismo.
A visão política de Álvaro Lins, como os seus próprios critérios de
análise literária, nunca foi estanque: estava sempre travando contato
com a realidade. Se não lhe serviam as amarras científicas para a
literatura, também não lhe serviam as amarras ideológicas para o seu
humanismo.
Desde o ingresso na Faculdade de Direito do Recife, Lins passa a
atuar politicamente, a princípio, interessando-se pelo integralismo, que
abandona logo depois. Ainda em Pernambuco, chega a ocupar o cargo de
secretário de governo na gestão Carlos de Lima Cavalcanti, entre 1934 e
1937, saindo com a ascensão de Getúlio Vargas.
Mais tarde, já um crítico respeitado, defende fervorosamente no
Correio da Manhã o então presidente eleito do Brasil Juscelino
Kubitschek da campanha para impedir sua posse. Quando JK finalmente
assume o País, Lins é chamado para ser chefe da Casa Civil do seu
governo e, posteriormente, embaixador em Portugal, no final de 1956.
Foi lá, durante a ditadura de Antonio Salazar, que mostrou como não
estava disposto a abrir mão do seus princípios humanistas em virtude de
conveniências políticas. No maior fato político da sua carreira, peitou o
ditador português, cedendo asilo em 1959 na sua embaixada ao general
Humberto Delgado, perseguido pelo regime. Como Salazar não reconheceu o
asilo, ele se sentiu abandonado pelo amigo JK. Pouco tempo depois,
romperia pessoalmente e politicamente com o presidente, em uma dura
carta aberta ao público.
No final da vida, desiludido com os rumos políticos (e literários) do
País, ainda passa a se vincular com as lutas de esquerda. Pouco antes
de morrer, em 1970, o crítico católico teve até o seu apartamento
vigiado pelo aparato da ditadura militar.
Por Diogo Guedes - Jornalismo JC
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