Fernando Bezerra Coelho disse estar 'perplexo' com pedido de investigação.
Ele está entre os 50 nomes que tiveram inquéritos abertos no Supremo.
O senador e ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra Coelho
(PSB-PE) disse em plenário do Senado nesta segunda-feira (16) que não
há justificativa nem argumento "minimamente plausível" para a abertura
de inquérito que irá apurar suposto envolvimento dele no esquema de
corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.
Com Bezerra Coelho, aumentou para 50 o número de pessoas alvos de
inquéritos relacionados à Lava Jato no âmbito do STF. Desses, 48 são
políticos, entre senadores, deputados e ex-parlamentares. Dois
governadores e um ex-governador serão investigados no Superior Tribunal
de Justiça (STJ).
O pedido de investigação do senador Fernando Bezerra Coelho baseia-se
na delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Em depoimento
dado em agosto do ano passado, Costa relatou que, em 2010, Bezerra
Coelho pediu R$ 20 milhões para a campanha à reeleição do então
governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em 2014 . Na época,
Bezerra Coelho era secretário de Desenvolvimento da administração de
Campos.
Segundo Paulo Roberto Costa, o pedido foi feito por Bezerra Coelho ao
doleiro Alberto Youssef, que, de acordo com as investigações, era
responsável por lavar dinheiro desviado de contratos da Petrobras.
"Devo confessar que os fatos acontecidos nos últimos dias me deixaram
absolutamente perplexo. Sem nenhuma justificativa ou argumento
minimamente plausível, tive meu nome incluído entre os agentes públicos
que estão sendo investigados na Operação Lava Jato.", afirmou o
senador.
Bezerra Coelho também questionou a inclusão do seu nome na lista de
políticos que serão investigados pela Lava Jato dias depois do pedido de
abertura de inquérito contra 49 pessoas. Ao comentar o fato, o senador
questionou se ainda faltam outros nomes para serem investigados e se a
inclusão de seu nome foi motivada por "pressões externas".
"O que espanta nesse caso é que o Ministério Público Federal teve nada
menos do que quatro meses para analisar depoimentos, recomendar
diligências, reunir material e fazer o trabalho que considerasse o mais
correto. Passado esse período, foi criada uma enorme expectativa com
relação à lista da Procuradoria Geral da República, entregue ao Supremo
Tribunal Federal no dia 4 de março. Uma semana mais tarde, no dia 12,
fico sabendo pela imprensa que o Ministério Público Federal resolveu
adicionar meu nome à relação, sem que nenhum fato novo tivesse
ocorrido.", disse.
O senador Fernando Bezerra Coelho durante
discurso no plenário do Senado
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado).
discurso no plenário do Senado
(Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado).
"Uma atualização tardia e desconectada de sentido. Afinal, ainda faltam
outros nomes? Alguém que deveria estar entre os investigados ficou de
fora? Houve falha nos procedimentos iniciais? Ou foram pressões externas
à estrita investigação dos resultados?", questionou o senador.
Eduardo Campos
Durante o seu discurso no plenário do Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho também criticou o que chamou de "ataques sem fundamento" contra o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em acidente aéreo durante a campanha à Presidência da República no ano passado. O senador disse que tem a "missão" de defender o legado de Campos.
"A minha missão é redobrada pois assumo aqui o compromisso de defender
também a memória e o legado do nosso ex-governador Eduardo Campos, outra
vítima de ataques sem nenhum fundamento. Eduardo não está mais aqui
para erguer a sua voz. Portanto, cabe-nos a tarefa de fazê-lo com a
mesma altivez", concluiu o senador do PSB.
Do G1, em Brasília.
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