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sábado, 19 de janeiro de 2013

Alunos do interior de PE lutam para conseguir bolsa de estudos no Recife

Ter aulas particulares na capital foge à realidade de parte dos estudantes.

Eles agarram a oportunidade de conseguir bolsa em cursinho do Recife.

Para passar no vestibular, a dedicação é um dos principais elementos necessários. A falta de condições e a distância podem ser empecilhos, mas há quem consiga vencer tudo isso para realizar o sonho de entrar na universidade.


Muitos alunos querem a oportunidade de fazer aulas particulares de graça para poder se preparar melhor e garantir uma vaga na universidade. O professor Fernando Beltrão reconhece que o incentivo é necessário e muito importante pra quem não tem condições de pagar o custo médio mensal de R$ 750. Ele próprio foi aluno de escola pública. "Quando fiz vestibular, levei ponto de corte em quatro  matérias. No ano seguinte eu fui a 27 colégios diferentes e um professor me deu bolsa integral pra eu fazer cursinho. Sem isso eu não tinha chegado a lugar nenhum", conta o professor. Cerca de 450 pessoas estão brigando por 300 bolsas de estudo oferecidas por ele. "O critério é financeiro, vai para quem precisar mais", esclarece Fernando Beltrão.

Alguns destes candidatos têm histórias de grandes sucessos. A disputa para conseguir a bolsa do cursinho é concorrrida e Elba Alves conseguiu uma vaga na universidade porque há um ano ela tem o benefício e estuda no Recife. Sua cidade natal é de Mirandiba, a 470 km do Recife, no Sertão do estado, onde ela deixou os pais e três irmãos para estudar ainda mais para o vestibular. "Há três anos vinha lutando pela aprovação. Eu estudava seis horas, juntando com as horas das aulas, chegava a quase doze horas por dia", conta Elba. Na casa dela, ninguém tem diploma: ela será a primeira da família.

Na capital, Elba só conseguiu se manter porque fazia todas as refeições na Casa do Estudante de Pernambuco, uma residência estudantil que mantém cerca de 300 alunos vindos do interior do estado. O custo individual por aluno é de cerca de R$ 1.200, mas a taxa cobrada para cada um deles é de apenas R$ 30. As mulheres tem um anexo só pra elas na casa, mas ele ainda precisa passar por sérias reformas para abrigar as garotas. "Existe um grande contigente de sócias e elas precisam de moradia tanto quanto nós, homens. Elas também são desprovidas de recursos e nada mais justo do que ter esse anexo feminino", explica o presidente da Casa do Estudante, Alan Andrade. Ele é de Ipubi, cidade que fica a 700 km do Recife e fez todo o curso de Direito morando na capital graças à residência estudantil.

José Francisco Neto veio de Serra Talhada para tentar o vestibular de Medicina. Há três anos mora na Casa do Estudante e está muito feliz porque vai estender a moradia por mais seis meses. Ele venceu o vestibular e voltou pra casa para dividir a alegria com os pais. "Não raspei o cabelo ainda porque prometi aos meus pais que partilharia este momento com eles", explica José Francisco. Etapa vencida, ele tenta explicar o segredo, mas não consegue. "A gente sai de casa em busca de um sonho e é inexplicável. Você tira forças de onde não tem", completa.

Informações e imagens do G1 PE.

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