Ter aulas particulares na capital foge à realidade de parte dos estudantes.
Eles agarram a oportunidade de conseguir bolsa em cursinho do Recife.
Para passar no vestibular, a dedicação é um dos principais elementos
necessários. A falta de condições e a distância podem ser empecilhos,
mas há quem consiga vencer tudo isso para realizar o sonho de entrar na
universidade.
Muitos alunos querem a oportunidade de fazer aulas particulares de
graça para poder se preparar melhor e garantir uma vaga na universidade.
O professor Fernando Beltrão reconhece que o incentivo é necessário e
muito importante pra quem não tem condições de pagar o custo médio
mensal de R$ 750. Ele próprio foi aluno de escola pública. "Quando fiz
vestibular, levei ponto de corte em quatro matérias. No ano seguinte eu
fui a 27 colégios diferentes e um professor me deu bolsa integral pra eu
fazer cursinho. Sem isso eu não tinha chegado a lugar nenhum", conta o
professor. Cerca de 450 pessoas estão brigando por 300 bolsas de estudo
oferecidas por ele. "O critério é financeiro, vai para quem precisar
mais", esclarece Fernando Beltrão.
Alguns destes candidatos têm histórias de grandes sucessos. A disputa
para conseguir a bolsa do cursinho é concorrrida e Elba Alves conseguiu
uma vaga na universidade porque há um ano ela tem o benefício e estuda
no Recife. Sua cidade natal é de Mirandiba, a 470 km do Recife, no
Sertão do estado, onde ela deixou os pais e três irmãos para estudar
ainda mais para o vestibular. "Há três anos vinha lutando pela
aprovação. Eu estudava seis horas, juntando com as horas das aulas,
chegava a quase doze horas por dia", conta Elba. Na casa dela, ninguém
tem diploma: ela será a primeira da família.
Na capital, Elba só conseguiu se manter porque fazia todas as refeições
na Casa do Estudante de Pernambuco, uma residência estudantil que
mantém cerca de 300 alunos vindos do interior do estado. O custo
individual por aluno é de cerca de R$ 1.200, mas a taxa cobrada para
cada um deles é de apenas R$ 30. As mulheres tem um anexo só pra elas na
casa, mas ele ainda precisa passar por sérias reformas para abrigar as
garotas. "Existe um grande contigente de sócias e elas precisam de
moradia tanto quanto nós, homens. Elas também são desprovidas de
recursos e nada mais justo do que ter esse anexo feminino", explica o
presidente da Casa do Estudante, Alan Andrade. Ele é de Ipubi, cidade
que fica a 700 km do Recife e fez todo o curso de Direito morando na
capital graças à residência estudantil.
José Francisco Neto veio de Serra Talhada para tentar o vestibular de
Medicina. Há três anos mora na Casa do Estudante e está muito feliz
porque vai estender a moradia por mais seis meses. Ele venceu o
vestibular e voltou pra casa para dividir a alegria com os pais. "Não
raspei o cabelo ainda porque prometi aos meus pais que partilharia este
momento com eles", explica José Francisco. Etapa vencida, ele tenta
explicar o segredo, mas não consegue. "A gente sai de casa em busca de
um sonho e é inexplicável. Você tira forças de onde não tem", completa.
Informações e imagens do G1 PE.
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