A diretora da Penitenciária Juiz Plácido de Souza
(PJPS), Cirlene Rocha, recebeu a reportagem da Rádio Liberdade para comentar as
acusações de um suposto detento que telefonou para a emissora denunciando
problemas graves no presídio de Caruaru. Segundo as acusações, os agentes
penitenciários estariam colaborando com as mortes de detentos na PJPS, com o
consentimento da direção.
A diretora disse que a denúncia anônima é algo que
não lhe atinge. “Cada um tem seu pensamento e expressa da forma que achar
necessário. Eu não sei se é detento ou não. Pode ser qualquer um”, afirmou. Ela
também negou que a denúncia partiu de alguém querendo prejicá-la. “É alguém
querendo se expor. Eles querem tirar o foco, mas não vão tirar. E quem estiver
fazendo errado, vai cair por terra”, advertiu.
Cirlene, que já teve seu trabalho destacado
nacionalmente, hoje enfrenta diversas dificuldades para administrar o sistema
carcerário em Caruaru. “Quando eu assumi, há 12 anos, havia 370 presos. Hoje,
temos mil a mais”, explica.
A diretora também comentou as mortes ocorridas no
interior na penitenciária. “Foram fatos isolados, brigas entre eles mesmos. Não
foi uma ação de grupo, de revolta contra o sistema ou rebelião. Foi uma ação
entre os indivíduos envolvidos. Porque as amizades e as inimizades da época em
que eles estavam em liberdade terminam se encontrando aqui. O mal não consegue
viver aqui. Ou ele sai de um jeito ou de outro”, justificou.
Questionada pelo repórter Berg Santos sobre a
ausência de controle na administração dos presos, Cirlene retirou de si a culpa
pelos últimos acontecimentos. “Na verdade, a gente não tem controle de nada,
nem da nossa própria vida. Não existem policiais para todos os habitantes, como
também não existe um policial para cada preso ou para cada cela”. “Sair do
controle acontece. Eu não vou ter o controle de tudo. Ninguém tem o controle de
nada”, disse.
A diretora afirmou que existem presos portando
celulares na penitenciária. “A verdade tem que ser falada. Eu já peguei vários
presos com celular, em flagrante, e foram levados para o castigo. O primeiro
preso que morreu ligava do castigo para a mãe dele. Já solicitamos ao Estado um
bloqueador de celular”, citou.
Ainda sobre a sala do castigo, onde os presos
estariam sendo mortos, Cirlene explicou que são duas celas para onde são
enviadas as pessoas que cometem indisciplina na unidade. “Elas ficam lá até 20
dias e dependendo esse castigo pode ser renovado”. Cirlene também negou que os
agentes facilitem a entrada de celulares no presídio. “Confio neles
plenamente”.
Da Central de Jornalismo Liberdade.
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