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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Gols para espantar a crise: Seleção atropela China e faz 8 a 0 no Recife

  Ramires comemora o primeiro gol da Seleção no Arruda (Foto: Agência AP)

Sem nenhuma dificuldade, time de Mano Menezes demonstra união em campo e devolve carinho da torcida com goleada. Neymar marca três vezes

Era tudo que Mano Menezes precisava para dar um tempo na crise. Rival fraco – 78º colocado no ranking da Fifa -, torcida calorosa, jogadores unidos e gols - muitos gols. Sem nenhuma dificuldade, a Seleção fez 8 a 0 na China nesta segunda-feira, no Recife, e deu um pouco mais de tranquilidade ao técnico após as vaias recebidas na semana passada em São Paulo. Ramires, Neymar (três vezes), Lucas, Hulk, Liu Jianye (contra) e Oscar marcaram.

Inspirados pela geração do tetra, que nas eliminatórias da Copa do Mundo de 1994 entrou em campo no Arruda de mãos dadas, Neymar, Oscar & cia. cantaram o Hino Nacional abraçados. A cena lembrou o gesto de união do time treinado por Carlos Alberto Parreira na goleada de 6 a 0 sobre a Bolívia em 26 de agosto. Quatro dias antes, a equipe havia sido muito criticada no 2 a 0 contra o Equador no Morumbi, situação semelhante à vivida agora: na última sexta, o Brasil deixou o estádio paulista sob vaias apesar do 1 a 0 em cima da África do Sul.

- Foi um gesto espontâneo dos jogadores – disse Mano antes de a bola rolar, afirmando ainda que esperava uma melhora no desempenho dos atletas em relação ao amistoso anterior.

Neymar, Comemoração, Brasil x China (Foto: Agência AP) 
Neymar mostra o sorriso para a torcida: lembrança de vaias no Morumbi semana passada (Foto: Agência AP)
Os 10 atletas de linha comemoraram juntos quase todos os gols, como uma demonstração de união. No clima de euforia, a torcida do Arruda deixou as vaias do Morumbi de lado, fez festa para a Seleção, cantou, aplaudiu e até brincou: em vez dos furiosos gritos por Luis Fabiano contra a África do Sul em São Paulo, pedidos bem-humorados por Dênis Marques, ídolo do Santa Cruz, foram entoados em alguns momentos no estádio do Tricolor pernambucano.

Sob o comando de Mano, o maior número de gols marcados pela Seleção em uma partida era quatro (4 a 2 contra o Equador em julho de 2011 e 4 a 1 sobre os Estados Unidos em maio deste ano). A equipe volta a campo no dia 19 deste mês contra a Argentina, em Goiânia, pelo Superclássico das Américas. Apenas jogadores que atuam no Brasil serão convocados pelo técnico. A partida de volta será em 3 de outubro, em Resistencia. O outro amistoso marcado para este ano é contra o Japão, na Polônia, 13 dias depois.

China não dá trabalho, e Seleção abre 2 a 0 no primeiro tempo

De fato, a evolução pedida por Mano aconteceu. Mas ajudada, e muito, pelo nível da seleção chinesa, treinada pelo espanhol José Camacho. No primeiro tempo, a equipe oriental deu apenas um chute a gol, para fora, sem nenhum susto para o goleiro Diego Alves. Já eliminada nas eliminatórias asiáticas para 2014, a China é o rival do Brasil com a pior colocação no ranking da Fifa na era Mano Menezes.


O treinador fez apenas uma mudança no time que venceu os sul-africanos: autor do gol no Morumbi, Hulk substituiu Leandro Damião como titular. O novo atacante do Zenit foi o destaque da Seleção, ao lado de Oscar e Neymar. Logo aos cinco minutos, o paraibano avançou pela direita e tocou para Oscar, que cruzou para Neymar sozinho na pequena área, mas o santista cabeceou na trave.

Aos 12, Oscar arriscou de fora da área, por cima. Cinco minutos depois, Hulk teve duas oportunidades. Na primeira, o goleiro Zeng Cheng defendeu. Em seguida, o ex-atacante do Porto mandou para fora.

Com controle total da partida – a posse de bola chegou a 80% -, o Brasil achou o gol aos 22. Em uma jogada à la Chelsea: Ramires deu sua tradicional arrancada pela esquerda, tabelou com Oscar e tocou por cima do goleiro chinês, em lance que lembrou o gol do ex-cruzeirense contra o Barcelona na semifinal da última Liga dos Campeões.

Três minutos depois, 2 a 0 no placar. Hulk, mais uma vez, arrancou pela direita no contra-ataque, tocou para Oscar e o ex-meia do Internacional rolou para Neymar, livre na pequena área, dessa vez acertar o chute, sem defesa.

O primeiro chute da China foi dado aos 28, quando Hao Junmin cobrou falta, a bola bateu na barreira e saiu por cima. Aos 33, a Seleção quase fez o terceiro. Neymar, pela esquerda, retribuiu o presente de Oscar e tocou na área, mas o meia acertou o travessão, com o gol aberto.

Estava tão fácil, que Neymar quis brincar. Aos 40, entrou driblando na área, deixou o goleiro no chão e tentou encobri-lo, mas errou. Na sequência, chutou de novo, mas um zagueiro salvou. No intervalo, o camisa 11 lembrou as vaias em São Paulo:

- Ninguém tira meu sorriso, independentemente das vaias meu sorriso vai estar no rosto

Goleada e grande defesa de Diego Alves na etapa final

Não demorou muito para a vitória fácil virar goleada no segundo tempo. No terceiro minuto, Hulk arrancou pela direita, puxou para o meio e tocou na esquerda para Lucas, que bateu sem defesa no canto direito.

Mais três minutos e outro gol. Neymar arriscou de longe e acertou o travessão. No rebote, Hulk fez o dele, de canhota, claro. Na comemoração, declaração de amor à terra natal na camisa por baixo do uniforme: “100% Nordeste. Te amo, Paraíba”.

Neymar, aos oito, aproveitou cruzamento de Marcelo na pequena área e fez o segundo dele, quinto do Brasil. Seis minutos depois, o craque do Santos balançou a rede de novo, após novo toque de Oscar na área. Olhando para as câmeras, Neymar comemorou apontando para o sorriso.


Diego Alves finalmente apareceu aos 23 minutos. Após cobrança de escanteio, o goleiro do Valencia fez linda defesa no canto direito, ganhando aplausos da torcida. Aos 24, o gol contra chinês: Liu Jianye tentou cortar tabela entre Lucas e Hulk e acabou dando carrinho contra a própria baliza.

Neymar, que havia saído vaiado contra a África do Sul, deixou o campo aplaudido logo depois para a entrada de Jonas. Durante a etapa final, Mano deu chance também a Adriano, Sandro, Réver, Leandro Damião e Arouca.

Aos 29, o oitavo gol da Seleção. Marcelo foi derrubado na área. A torcida pediu para Hulk cobrar o pênalti, mas Oscar pegou a bola e converteu: 8 a 0. O camisa 10 deixou o campo pouco depois, substituído por Damião. Já aos 44, a China quase diminuiu, com um chute de Ting rente à trave direita de Diego Alves.

A última vez que a Seleção havia marcado oito vezes foi em 20 de maio de 2006: 8 a 0 sobre o Combinado de Lucerna, na Suíça, em preparação para a Copa do Mundo da Alemanha.

BRASIL 8 X 0 CHINA
Diego Alves, Daniel Alves (Adriano), Dedé, David Luiz (Réver), Romulo (Sandro), Marcelo, Lucas, Ramires (Arouca), Oscar (Leandro Damião), Neymar (Jonas) e Hulk. Zeng Cheng, Peng Zhao, Liu Jianye, Yu Yang, Tang Miao; Xuri Zhao,  Lu Peng, Jian Liu, Hao Junmin (Zhang Yuan); Gao Lin (Yang Xu) e Zhu Ting.
Técnico: Mano Menezes Técnico: José Camacho
 Gols: Ramires, aos 22 do primeiro tempo; Neymar, aos 25 do primeiro tempo; Lucas, aos 3 do segundo tempo; Hulk, aos 6 do segundo tempo; Neymar, aos 8 do segundo tempo; Neymar, aos 14 do segundo tempo; Liu Jianye (contra), aos 24 do segundo tempo; Oscar, aos 29 do segundo tempo
Data: 10/09/2012. Local: Estádio do Arruda, no Recife. Árbitro: Roberto Silvera (Uruguai). Auxiliares: Miguel Ángel Nievas e Nicolás Taran (Uruguai). Público: 29.658 pessoas Por Elton de Castro e Leandro Canônico Recife
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