Ramires comemora o primeiro gol da Seleção no Arruda (Foto: Agência AP)
Sem nenhuma dificuldade, time de Mano Menezes demonstra união em campo e devolve carinho da torcida com goleada. Neymar marca três vezes
Era tudo que Mano Menezes precisava para dar um tempo na crise. Rival
fraco – 78º colocado no ranking da Fifa -, torcida calorosa, jogadores
unidos e gols - muitos gols. Sem nenhuma dificuldade, a Seleção fez 8 a 0
na China nesta segunda-feira, no Recife, e deu um pouco mais de
tranquilidade ao técnico após as vaias recebidas na semana passada em
São Paulo. Ramires, Neymar (três vezes), Lucas, Hulk, Liu Jianye
(contra) e Oscar marcaram.
Inspirados pela geração do tetra, que nas eliminatórias da Copa do
Mundo de 1994 entrou em campo no Arruda de mãos dadas, Neymar, Oscar
& cia. cantaram o Hino Nacional abraçados. A cena lembrou o gesto de
união do time treinado por Carlos Alberto Parreira na goleada de 6 a 0
sobre a Bolívia em 26 de agosto. Quatro dias antes, a equipe havia sido
muito criticada no 2 a 0 contra o Equador no Morumbi, situação
semelhante à vivida agora: na última sexta, o Brasil deixou o estádio
paulista sob vaias apesar do 1 a 0 em cima da África do Sul.
- Foi um gesto espontâneo dos jogadores – disse Mano antes de a bola
rolar, afirmando ainda que esperava uma melhora no desempenho dos
atletas em relação ao amistoso anterior.
Neymar mostra o sorriso para a torcida: lembrança de vaias no Morumbi semana passada (Foto: Agência AP)
Os 10 atletas de linha comemoraram juntos quase todos os gols, como uma
demonstração de união. No clima de euforia, a torcida do Arruda deixou
as vaias do Morumbi de lado, fez festa para a Seleção, cantou, aplaudiu e
até brincou: em vez dos furiosos gritos por Luis Fabiano contra a
África do Sul em São Paulo, pedidos bem-humorados por Dênis Marques,
ídolo do Santa Cruz, foram entoados em alguns momentos no estádio do
Tricolor pernambucano.
Sob o comando de Mano, o maior número de gols marcados pela Seleção em
uma partida era quatro (4 a 2 contra o Equador em julho de 2011 e 4 a 1
sobre os Estados Unidos em maio deste ano). A equipe volta a campo no
dia 19 deste mês contra a Argentina, em Goiânia, pelo Superclássico das
Américas. Apenas jogadores que atuam no Brasil serão convocados pelo
técnico. A partida de volta será em 3 de outubro, em Resistencia. O
outro amistoso marcado para este ano é contra o Japão, na Polônia, 13
dias depois.
China não dá trabalho, e Seleção abre 2 a 0 no primeiro tempo
De fato, a evolução pedida por Mano aconteceu. Mas ajudada, e muito,
pelo nível da seleção chinesa, treinada pelo espanhol José Camacho. No
primeiro tempo, a equipe oriental deu apenas um chute a gol, para fora,
sem nenhum susto para o goleiro Diego Alves. Já eliminada nas
eliminatórias asiáticas para 2014, a China é o rival do Brasil com a
pior colocação no ranking da Fifa na era Mano Menezes.
O treinador fez apenas uma mudança no time que venceu os sul-africanos:
autor do gol no Morumbi, Hulk substituiu Leandro Damião como titular. O
novo atacante do Zenit foi o destaque da Seleção, ao lado de Oscar e
Neymar. Logo aos cinco minutos, o paraibano avançou pela direita e tocou
para Oscar, que cruzou para Neymar sozinho na pequena área, mas o
santista cabeceou na trave.
Aos 12, Oscar arriscou de fora da área, por cima. Cinco minutos depois,
Hulk teve duas oportunidades. Na primeira, o goleiro Zeng Cheng
defendeu. Em seguida, o ex-atacante do Porto mandou para fora.
Com controle total da partida – a posse de bola chegou a 80% -, o
Brasil achou o gol aos 22. Em uma jogada à la Chelsea: Ramires deu sua
tradicional arrancada pela esquerda, tabelou com Oscar e tocou por cima
do goleiro chinês, em lance que lembrou o gol do ex-cruzeirense contra o
Barcelona na semifinal da última Liga dos Campeões.
Três minutos depois, 2 a 0 no placar. Hulk, mais uma vez, arrancou pela
direita no contra-ataque, tocou para Oscar e o ex-meia do Internacional
rolou para Neymar, livre na pequena área, dessa vez acertar o chute,
sem defesa.
O primeiro chute da China foi dado aos 28, quando Hao Junmin cobrou
falta, a bola bateu na barreira e saiu por cima. Aos 33, a Seleção quase
fez o terceiro. Neymar, pela esquerda, retribuiu o presente de Oscar e
tocou na área, mas o meia acertou o travessão, com o gol aberto.
Estava tão fácil, que Neymar quis brincar. Aos 40, entrou driblando na
área, deixou o goleiro no chão e tentou encobri-lo, mas errou. Na
sequência, chutou de novo, mas um zagueiro salvou. No intervalo, o
camisa 11 lembrou as vaias em São Paulo:
- Ninguém tira meu sorriso, independentemente das vaias meu sorriso vai estar no rosto
Goleada e grande defesa de Diego Alves na etapa final
Não demorou muito para a vitória fácil virar goleada no segundo tempo.
No terceiro minuto, Hulk arrancou pela direita, puxou para o meio e
tocou na esquerda para Lucas, que bateu sem defesa no canto direito.
Mais três minutos e outro gol. Neymar arriscou de longe e acertou o
travessão. No rebote, Hulk fez o dele, de canhota, claro. Na
comemoração, declaração de amor à terra natal na camisa por baixo do
uniforme: “100% Nordeste. Te amo, Paraíba”.
Neymar, aos oito, aproveitou cruzamento de Marcelo na pequena área e
fez o segundo dele, quinto do Brasil. Seis minutos depois, o craque do
Santos balançou a rede de novo, após novo toque de Oscar na área.
Olhando para as câmeras, Neymar comemorou apontando para o sorriso.
Diego Alves finalmente apareceu aos 23 minutos. Após cobrança de
escanteio, o goleiro do Valencia fez linda defesa no canto direito,
ganhando aplausos da torcida. Aos 24, o gol contra chinês: Liu Jianye
tentou cortar tabela entre Lucas e Hulk e acabou dando carrinho contra a
própria baliza.
Neymar, que havia saído vaiado contra a África do Sul, deixou o campo
aplaudido logo depois para a entrada de Jonas. Durante a etapa final,
Mano deu chance também a Adriano, Sandro, Réver, Leandro Damião e
Arouca.
Aos 29, o oitavo gol da Seleção. Marcelo foi derrubado na área. A
torcida pediu para Hulk cobrar o pênalti, mas Oscar pegou a bola e
converteu: 8 a 0. O camisa 10 deixou o campo pouco depois, substituído
por Damião. Já aos 44, a China quase diminuiu, com um chute de Ting
rente à trave direita de Diego Alves.
A última vez que a Seleção havia marcado oito vezes foi em 20 de maio
de 2006: 8 a 0 sobre o Combinado de Lucerna, na Suíça, em preparação
para a Copa do Mundo da Alemanha.
Diego Alves, Daniel Alves (Adriano), Dedé, David Luiz (Réver), Romulo (Sandro), Marcelo, Lucas, Ramires (Arouca), Oscar (Leandro Damião), Neymar (Jonas) e Hulk. | Zeng Cheng, Peng Zhao, Liu Jianye, Yu Yang, Tang Miao; Xuri Zhao, Lu Peng, Jian Liu, Hao Junmin (Zhang Yuan); Gao Lin (Yang Xu) e Zhu Ting. | ||||
Técnico: Mano Menezes | Técnico: José Camacho | ||||
Gols: Ramires, aos 22 do primeiro tempo; Neymar, aos 25 do primeiro tempo; Lucas, aos 3 do segundo tempo; Hulk, aos 6 do segundo tempo; Neymar, aos 8 do segundo tempo; Neymar, aos 14 do segundo tempo; Liu Jianye (contra), aos 24 do segundo tempo; Oscar, aos 29 do segundo tempo | |||||
Data: 10/09/2012. Local: Estádio do Arruda, no Recife. Árbitro: Roberto Silvera (Uruguai). Auxiliares: Miguel Ángel Nievas e Nicolás Taran (Uruguai). Público: 29.658 pessoas | Por Elton de Castro e Leandro Canônico
Recife GLOBOESPORTE.COM |
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