Nas terras da Fazenda Nova há uma fonte de água mineral.
O motivo da disputa de terras que, segundo a Polícia Civil de
Pernambuco, culminou com a morte do promotor Thiago Faria se deve à existência
de uma fonte de água mineral no local que renderia cerca de R$ 1 milhão por
ano. A informação foi repassada pelo secretário de Defesa Social, Wilson
Damazio, na manhã desta quarta-feira, na sede da Secretaria de Defesa Social,
no Recife. A área foi adquirida em leilão pela advogada Mysheva Martins, noiva
do promotor assassinado, em outubro do ano passado - quando eles ainda não se
conheciam. Na ocasião, ela desembolsou R$ 100 mil pela propriedade.
As terras, que somam 25 hectares e fazem parte de uma fazenda
que originalmente tinha 1.800 hectares, foram leiloadas por conta de uma dívida
trabalhista da antiga proprietária, Maria das Dores Ubirajara Tenório, que
faleceu aos 95 anos, em 2006. A área passou por inventário para ser dividida
entre dez herdeiros, entre eles a mulher de José Maria Pedro Rosendo, conhecido
como Zé Maria de Mané Pedo, que está sendo apontado como mandante do crime e é
procurado pela Polícia.
Thiago Faria, de 36 anos, foi morto na segunda-feira dentro
de seu carro com tiros de espingarda 12. No veículo, também estava a noiva dele
e filha do prefeito de Itaíba - comarca onde o promotor atuava - Mysheva Freire
Martins e o tio dela, Adautivo Martins, que escaparam ilesos do atentado.
Thiago Faria assumiu o cargo em Itaíba em dezembro do ano
passado, em meio ao cenário de embate pela terra que se arrastava havia sete
anos, iniciada após a morte de Maria das Dores Ubirajara. Depois da aquisição
das terras por Mysheva, José Maria Pedro Rosendo, um dos ocupantes da área,
chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.
Em junho, José Maria foi obrigado a deixar o lugar por força
de uma imissão de posse em favor da advogada na qual o promotor teria atuado
nos bastidores. De acordo com as
investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano
Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. As mesmas fontes da
Polícia afirmaram que o promotor assassinado também teria denunciado José Maria
por crime ambiental na fazenda, onde fica parte de uma reserva ambiental.
Em meio às últimas atividades do promotor, que estava em
período probatório, a corregedoria fez uma inspeção na comarca quando descobriu
que havia um grande número de processos nos quais Thiago Faria alegava
suspeição pelo fato de envolverem interesses de parentes da noiva. Por esse
motivo, o promotor seria removido para Jupi, por determinação do MPPE.
O crime aconteceu na manhã da última segunda-feira, na
PE-300. Thiago seguia de Águas Belas com a noiva e um tio dela para Itaíba
quando, na altura do KM-15, dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo
do promotor, um Hyundai IX35, e fizeram os primeiros disparos. Em seguida,
voltaram e executaram Thiago, atingido com quatro tiros, provavelmente de
calibre 12, no rosto e no pescoço.
Blog do Edney.
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