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sábado, 16 de fevereiro de 2013

Autoridades comentam a morte do ex-ministro Fernando Lyra

Governador Eduardo Campos decretou luto oficial de três dias.
Ex-ministro faleceu, nesta quinta (14), após 47 dias internado.

Eduardo Campos, governador de Pernambuco (Foto: Luna Markman/G1) 
Governador Eduardo Campos se emocionou ao comentar
ligação de Lyra e Arraes (Foto: Luna Markman/G1).
 
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-deputado e ex-ministro Fernando Lyra, ocorrida na tarde desta quinta-feira (14), no Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. Ele estava internado por conta de problemas cardíacos e infecção urinária, e morreu devido à falência múltipla dos órgãos, conforme boletim da unidade de saúde.

"Nós acabamos de ter uma notícia triste para Pernambuco, para política brasileira. Perdemos um grande quadro da vida pública brasileira. Lyra fez sua vida pública com grande amor à liberdade, à democracia e ajudou, como poucos, a transição democrática", disse Campos. O governador também informou que o corpo do político está previsto para chegar ao Recife às 11h desta sexta-feira (15). O velório ocorre na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ao meio-dia, com visitação aberta ao público. O sepultamento está marcado para as 17h, no cemitério Morada da Paz, em Paulista, no Grande Recife.

Em entrevista coletiva, na tarde desta quinta, na sede provisória do governo, em Olinda, Eduardo Campos contou que visitou Lyra no Incor, em São Paulo. "Esperança a gente sempre tinha, mas sabíamos que o quadro era muito duro. O que alivia é que ele estava com um ar muito tranquilo, não parecia haver sofrimento. Desde 1978, quando teve um infarto, com menos de 40 anos, ele vem sofrendo de uma insuficiência cardíaca grave. Deram uma sobrevida de cinco anos, mas ele sobreviveu esse tempo todo com muita qualidade de vida", falou.
Campos também comentou sobre a proximidade de Lyra com a sua família e seu avô Miguel Arraes, momento em que ficou bastante emocionado. "Eu, particularmente, perco um grande amigo. Conheci Fernando criança. Ele foi um dos primeiros a encontrar o meu avô no exílio [na África, durante a ditadura militar]. Ele era o portador de notícias para a parte da família que estava aqui [em Pernambuco], pois estava protegido pela imunidade como parlamentar", lembrou

Por fim, o governador destacou a importância política de Lyra. "Ele teve participação intensa na nossa história política. Ele era político na essência, fez política com 'p' maiúsculo, tipo que faz falta hoje em dia. Ele teve uma passagem bonita pelo Ministério da Justiça, formando uma equipe com pessoas que hoje brilham nas mais diversas áreas", ressaltou.

Dilma Rousseff (Foto: Reprodução Globo News) 
Dilma Rousseff divulgou nota de pesar
(Foto: Reprodução Globo News)
 
A presidente Dilma Rousseff comentou o falecimento de Lyra em nota de pesar. "A democracia brasileira perdeu hoje um de seus mais expressivos defensores, Fernando Lyra. Primeiro ministro da Justiça da redemocratização, Lyra foi o responsável pelo fim da censura oficial, passo fundamental na reconquista da liberdade de expressão no País. Exímio articulador político, Fernando Lyra foi um dos expoentes da formação da Aliança Democrática. Teve atuação relevante na Assembleia Nacional Constituinte e representou com brilho os eleitores de Pernambuco na Câmara dos Deputados por 28 anos. Em nome de todas as brasileiras e de todos os brasileiros, apresento meus votos de pesar à sua mulher, Márcia, suas três filhas, familiares e amigos, neste momento de dor".

Lula (Foto: Reprodução Globo News) 
Ex-presidente Lula também comentou morte de
Lyra (Foto: Reprodução Globo News)
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre a importância do ex-ministro. "Fernando Lyra foi um grande pernambucano e brasileiro que lutou de forma incansável para o avanço da democracia. Eu tive o prazer de estar ao seu lado muitas vezes ao longo de sua bela trajetória e também no governo, quando presidiu a Fundação Joaquim Nabuco. Com sua morte, o Brasil perde uma importante referência política. Nesse momento de tristeza, envio minha solidariedade para seus amigos e familiares."

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) (Foto: Antônio Cruz/ABr) 
Para Sarney, Lyra ajuou a abrir o Brasil para "os ventos daliberdade" (Foto: Antônio Cruz/ABr)
 
O senador José Sarney (PMDB), que foi presidente do Brasil na época em que Fernando Lyra assumiu o Ministério da Justiça, comentou a perda. "Perde o Brasil um de seus maiores políticos. Foi um batalhador, herói da luta pela democracia. Foi meu ministro e meu amigo. Muito ajudou na implantação das primeiras leis que abriram o Brasil para os ventos da liberdade. Figura humana inconfundível. Tinha o segredo e a magia do gosto de conviver. Ele amou o Brasil e Pernambuco. Para nós, de sua geração, é uma referência e uma saudade indelével. É com comoção que recebo a notícia de sua morte e com ela um pedaço da memória da redemocratização".

Senador Armando Monteiro Neto (Foto: Alexandre Albuquerque/Divulgação) 
Legado de Lyra é "irrecusável", aponta o senador ArmandoMonteiro Neto (Foto: Alexandre Albuquerque/Divulgação).
 
O senador Armando Monteiro Neto (PTB) também enviou nota de pesar sobre a morte do ex-ministro. "Fernando Lyra cumpriu de forma exemplar a sua passagem pela vida pública do país. Durante os tempos duros do regime autoritário, foi um firme combatente, que nunca deixou de levantar a voz nos momentos mais difíceis. Ao longo do processo de abertura política, desempenhou importante papel na construção da candidatura de Tancredo Neves, que inaugurou a Nova República; foi um ministro da Justiça permanentemente atento às causas da cidadania e da ampliação das liberdades democráticas. No convívio pessoal, imprimiu as marcas de sua inteligência, afabilidade e boa convivência, sempre temperados com humor e ironia. Ele deixa a todos nós um irrecusável legado. Neste momento, transmito a toda a sua família a expressão do nosso pesar e solidariedade", informou o senador, através do documento.

Senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB (Foto: Reprodução / TV Globo) 
Senador Jarbas Vasconcelos era amigo de Lyra
(Foto: Reprodução / TV Globo)
 
Em viagem a Portugal, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) também se solidarizou com a morte de Fernando Lyra. "Tinha uma ligação histórica com Fernando, que vinha desde 1970, quando disputei a minha primeira eleição para deputado estadual e fiz dobradinha com ele, que foi eleito para a Câmara dos Deputados. Era uma amizade muito estreita, que se ampliou quando fui para Brasília em 1974 e fui companheiro dele no MDB, participando do "grupo dos autênticos". Mesmo quando estivemos em campos opostos, sempre mantivemos nosso diálogo. Fernando Lyra era um animal político, nos 40 anos de amizade que tivemos, o assunto predominante era sempre a política. Nesses tempos de mediocridade no Parlamento e na política em geral, o desaparecimento de Fernando fará uma falta muito grande a Pernambuco e ao Brasil", disse Jarbas por nota.

Senador Humberto Costa (Foto: Reprodução/TV Globo) 
Senador Humberto Costa ressalta defesa da
democracia praticada por Fernando Lyra
(Foto: Reprodução/TV Globo)
 
Também senador, Humberto Costa (PT) ressaltou a importância do político. "É uma grande perda para todos os brasileiros. Fernando Lyra foi um dos maiores nomes da política pernambucana. Por onde passou, deu contribuições importantes para o País. Ex-ministro da Justiça, deputado estadual e federal, Lyra sempre foi um grande defensor da democracia. Atuou fortemente na luta pelo fim da ditadura militar e era um grande articulador político. Os seus belos discursos e o jeito habilidoso de resolver os problemas mais difíceis sempre foram sua marca. Lyra certamente fará muita falta a todos nós".

O senador mineiro Aécio Neve (PSDB) também se manifestou a respeito da morte do político pernambucano. “O Brasil perde um de seus mais notáveis homens públicos. O ex-ministro Fernando Lyra marcou a vida pública brasileira pela firmeza ética e democrática de suas posições. Foi um companheiro leal de meu avô Tancredo Neves, sobretudo na luta pela redemocratização do país. Expresso meu profundo pesar à sua família e ao povo de Pernambuco, a que ele tanto honrou.” Também mineiro, o governador Antonio Anastasia (PSDB) lamentou a morte do ex-ministro. “O ministro Fernando Lyra teve um importante papel no processo de redemocratização do Brasil. Sua luta no Congresso Nacional ou no Executivo Federal é prova inconteste de que fará falta à política brasileira. A seus familiares e ao povo de Pernambuco, em nome de todos os mineiros, levo a solidariedade de Minas neste momento de dor”, afirmou Anastasia, em nota.

José Queiroz, prefeito de Caruaru (Foto: Reprodução / TV Globo) 
José Queiroz, prefeito de Caruaru, decretou três dias de
luto na cidade (Foto: Reprodução / TV Globo)
 
O prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), informou que o município também decretou três dias de luto oficial. "Ele foi uma liderança que inspirou a todos da minha geração. Eu tive a chance de conhecê-lo e sou grato pela ajuda que recebi na única eleição de que participei", comentou.

José Queiroz (PDT), prefeito de Caruaru, terra onde Fernando Lyra viveu durante a infância e adolescência, decretou luto de três dias na cidade e falou sobre a morte do ex-ministro. “Para nós é uma perda muito grande. Tivemos grandes lições de Fernando e uma convivência desde a ditadura. Lembro de uma caminhada em que fomos perseguidos por cães e cavalos, com a Polícia Militar atrás. Fernando marca duas épocas distintas na vida política daqui: a ditadura, quando fazia parte como deputado, falando na Câmara ou fora dela pelos que não podiam falar, e depois na transição democrática, como ministro de José Sarney. Ele apresentou um projeto de transição democrática para o país como ministro. Caruaru está de luto. Com a morte, perde Caruaru, perde Pernambuco e perde o Brasil um notável político”, comentou Queiroz.

José Paulo Cavalcanti Filho - advogado pernambucano (Foto: Reprodução / TV Globo) 
José Paulo Cavalcanti Filho foi secretário-geral de
Lyra ele ocupou o Ministério da Justiça
(Foto: Reprodução / TV Globo)
 
O advogado José Paulo Cavalcanti Filho, integrante da Comissão Nacional da Verdade e que foi secretário-geral do Ministério da Justiça na gestão de Lyra, comentou sobre a perda do político e amigo. “Fernando era um homem público e, portanto, deve ser compreendido em duas dimensões. Primeiro, como pessoa pública, ele teve uma importância decisiva na história do Brasil, na resistência ao arbítrio, onde ele foi uma presença estelar. Depois, na transição democrática, ajudando Tancredo [Neves] a ser candidato e colaborando no grande instrumento de engenharia política para Paulo Maluf. Na dimensão pessoal, sua presença fará muita falta. Ele era sobretudo alegre, viveu a vida sem limites, acredito que não se arrependeu de nada do que fez. A ausência dele vai ser enorme, nos falávamos todos os dias pela manhã. Vou lamentar ainda mais claramente os dias que virão quando não receber [as ligações]”, contou.

Fernando Coelho (Foto: Katherine Coutinho / G1) 
Fernando Coelho, presidente estadual da Comissão da
Verdade, destaca perda que morte representa para  os
democratas brasileiros (Foto: Katherine Coutinho / G1)
 
O presidente estadual da Comissão da Verdade, Fernando Coelho, ressaltou a importância de Lyra para a política. “Foi um companheiro na luta mais difícil pela democratização. Distinguiu-se pela sua combatividade durante o período da resistência. Foi dos mais ativos lutadores pela redemocratização. Era um orador extraordinário, conseguindo como poucos falar para a multidão. Era um companheiro de vivência fácil, uma figura muito boa, de não fazer inimigos, pelo contrário, de fazer amigos. É uma grande perda para Pernambuco e para os democratas do Brasil”, informou.

Deputado Roberto Freire (Foto: Reprodução Globo News) 
Deputado Roberto Freire falou em nome do PPS
(Foto: Reprodução Globo News)
 
Em nota, o Partido Popular Socialista (PPS), comentou a morte de Lyra. O presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire, falou em nome de todo o partido. "Ele foi figura da maior importância na resistência democrática, sobretudo nas ações que culminaram com a reconquista das liberdades no país, em 1985. Pessoa fraterna e sempre aberta ao diálogo e à negociação, Fernando Lyra tinha como outra de suas inigualáveis características manter uma postura sempre democrática ao tratar das questões mais delicadas e divergentes", disse Freire.

O Ministério da Educação, ao qual Fernando Lyra foi vinculado por presidir a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), também enviou nota lamentando a morte do ex-ministro.

Do G1 PE - GLOBO.COM

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