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terça-feira, 8 de maio de 2012

Clínica onde quatro mulheres perderam visão tem 54 irregularidades

Apevisa divulgou, nesta terça, o resultado das investigações no Instituto Visão.

Relatório confirma que vítimas apresentaram complicações no pós-operatório.

A Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) anunciou nesta terça-feira (8) o resultado das investigações sobre a clínica onde quatro mulheres perderam a visão, no final de março, após cirurgias para a retirada de catarata, no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. O relatório confirma que as mulheres apresentaram complicações no pós-operatório devido a uma inflamação aguda no globo ocular de origem bacteriana.

O resultado da inspeção da clínica listou 54 irregularidades envolvendo todos os setores do Instituto Visão de Pernambuco, em Caruaru, mas três fatores foram destacados como os principais: inadequada estrutura física, irregularidades no processo de esterilização de materiais e instrumentais cirúrgicos e a contaminação da água utilizada. "Não tem um fator único, temos três fatores importantes, todos eles podem ter causado. A primeira coisa foi a estrutura física, que foi deficiente. Outro fator, que talvez seja o mais importante, é a questão da esterilização, os materiais utilizados eram de uso doméstico, não de hospital, não tinham um padrão de verificação de esterilização, fora a água que tinha contaminação", explica Jaime Brito, diretor geral da Apevisa.

O relatório será encaminhado para a Polícia Civil, Ministério Público de Pernambuco, Vigilância Sanitária de Caruaru e possíveis instâncias judiciais, caso os familiares queiram levar o caso à Justiça. "Eles já nos procuraram com o interesse de reabrir. Eles precisam nos entregar um cronograma de correções e começar a corrigir todos os problemas que encontramos. Quando a clínica tiver condições mínimas de funcionamento, poderão reabrir", conta Jaime.

Todos os procedimentos padrão da agência foram utilizados durante as investigações. "As estratégias que foram usadas são as comuns em casos de surto ou evento adverso. Pegamos os prontuários, verificamos o relatório da inspeção sanitária, entrevistamos os médicos tanto de Caruaru quanto do Recife, os funcionários do hospital, os pacientes. E então, começou uma busca de alguns fatores que fossem importantes nessa investigação, principalmente as amostras laboratoriais", detalha o diretor.

A clínica teve 15 dias para se defender. A Apevisa vai analisar a defesa para poder então decidir sobre as medidas punitivas a serem tomadas, que implicam desde uma advertência até a interdição definitiva da clínica, mais multa de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. "A punição independe deles terem corrigido os problemas. Possibilidade de reabrir não tem nada a ver com o processo, eles podem reabrir e serem condenados", avisa Brito.

As quatro mulheres foram submetidas à operação de catarata no dia 28 de março, no Instituto da Visão de Pernambuco. Após o procedimento, elas apresentaram um quadro grave de infecção, provavelmente devido uma bactéria. Por conta disso, as mulheres foram encaminhadas para o Hospital de Olhos de Pernambuco, no Recife.

De acordo com a unidade da capital pernambucana, as pacientes chegaram em estado grave e a equipe não conseguiu recuperar a visão delas. O quadro é irreversível. No total, 15 pessoas trabalharam durante17 horas para tentar reverter a situação, mas sem sucesso. "Avaliamos item a item todos os procedimentos que ocorreram com esses pacientes desde a hora da chegada deles no hospital em Caruaru até a saída do hospital aqui no Recife. Nós podemos punir a clínica, aos profissionais cabem o inquérito criminal da polícia e o ético ao devido conselho", lembra.

O bloco cirúrgico do Instituto da Visão de Pernambuco foi interditado pela Vigilância Sanitária do município no dia 30 de março. "Essa interdição preventiva tem duração de 90 dias. Além disso, eles serão autuados devido às irregularidades sanitárias encontradas. As quatro amostras de água que coletamos no bloco cirúrgico, por exemplo, estavam contaminadas", detallha.

Os responsáveis pela clínica foram procurados pela equipe do G1, mas até o momento da publicação desta reportagem eles não foram encontrados para comentar o assunto.

Katherine Coutinho Do G1 PE - GLOBO.COM

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