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domingo, 4 de dezembro de 2016

Desemprego ameaça Polo de Confecções

As lavanderias são o coração do polo têxtil do Agreste. A água, a matéria-prima que bombeia e faz esse coração pulsar. Uma não existe sem a outra. Sem água não há lavagem do jeans e sem jeans sai de cena o carro-chefe que movimenta uma das principais economias da região. A crise hídrica, provocada por cinco anos consecutivos de seca, jogou o polo num cenário devastador de demissões, queda nas vendas e fechamento de lavanderias e fabricos. O colapso total da Barragem de Jucazinho, que alimentava as torneiras das cidades produtoras de confecção, foi o golpe derradeiro.

Anderson Pereira dos Santos é um sobrevivente. Resistiu, heroicamente, a uma onda de demissões que atingiu todos que trabalhavam no seu setor. Só sobrou ele. Ficar não lhe trouxe tranquilidade. “Do jeito que eles foram demitidos, eu também posso ser.” Anderson é funcionário da maior lavanderia de Vertentes, uma das cidades do polo de confecções do Agreste. Num trabalho de formiguinha, desfia o jeans, peça a peça, para dar diferentes efeitos de textura a cada uma delas. O medo de Anderson é chegar pela manhã e receber o aviso: “Não precisa mais voltar”. Um temor que não é só dele. Por causa da falta d’água, a lavanderia corre o risco de fechar as portas, até o fim do ano. E colocar na rua, de uma tacada só, 40 funcionários. Em todo o polo de confecções, 20% dos empregos formais já deixaram de existir.

A equação é fatal: não há como trabalhar sem água. E a que tem está cada vez mais cara e difícil de conseguir. Por dia, a lavanderia na qual Anderson é funcionário consome 200 mil litros de água. Antes era abastecida por cinco poços. Dois já secaram. Se ficar dependendo só do carro-pipa, é a falência. Há dois anos, a empresa empregava 60 pessoas. Demitiu 20. A produção também caiu. Reduziu 25% nesse período. A lavanderia recebia, na época, 200 mil peças por mês. Agora só consegue lavar 50 mil peças. “A gente sabe que os empregos da região dependem do jeans. É triste botar um pai de família para fora. Mas não tem o que fazer. Se não chover, o desemprego vai ser geral”, prevê o gerente da empresa, Gilvan Siqueira.

NE 10.

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