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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Sob o comando de Alemão, Central quer se livrar do estigma do ‘quase’

Ex-volante da Seleção vai comandar o alvinegro com a missão de levar a Patativa onde sempre esteve próximo, mas nunca chegou: às conquistas

Dia 30 de janeiro de 2011, de virada o Central vencia o Porto, por 3 a 2, no Clássico Matuto, e se dava ao luxo de olhar para os gigantes da capital (Sport, Santa Cruz e Náutico) de cima para baixo, isolando-se na liderança do Pernambucano. A euforia tomou conta do torcedor alvinegro, a crônica passava a credenciar a equipe de Caruaru ao título inédito, mas a Patativa perdeu força e depois de um Segundo Turno terrível, onde perdera seis jogos consecutivos, não só se distanciou da taça como deixou escapar uma vaga entre os semifinalistas, justamente, para o arquirrival Porto.

Estádio Luís Lacerda, Lacerdão - Central (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)Estádio Luís Lacerda, o Lacerdão, foi completamente reformado para o Campeonato Pernambucano
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
Sem troféu e sem ter o que fazer o restante do ano, já que ficava fora da Série D. Uma baita frustração ao torcedor centralino? Não mesmo! O maior clube do interior de Pernambuco tornou seus seguidores 'íntimos' do quase.

Torcedor do Central (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com) 
Francisco Justino acompanha o time há 32 anos
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
- A campanha estava ótima, mas a gente (torcedores do Central) já sabemos que a coisa uma hora vai dar errado e o que aconteceu não pegou ninguém de surpresa. Infelizmente, o Central parece ter alergia às conquistas – diz o aposentado Francisco Justino, que há 32 anos acompanha a Patativa.

Mas a ressaca moral do fracasso no ano passado custou a passar e para fazer diferente em 2012, a direção alvinegra optou pelo 'novo'. Cansada (e calejada) de trazer nomes locais para comandar a equipe, os cartolas alvinegros decidiram importar do Sudeste um gerente de futebol. O ex-atacante Amarildo Amaral, ex-Internacional e São Paulo, chegava com a autonomia de 'mandar' no futebol da Patativa e de pronto trouxe um treinador na bagagem, o ex-volante Alemão, titular da Seleção Brasileira nas Copas de 1986 e 1990.

- Nossa prioridade é chegar entre os quatro do Pernambucano e consequentemente garantir vaga na Série D para que não fiquemos parados no segundo semestre. Uma vez na semifinal, nós aí sim pensaremos em título e o Alemão tem o perfil ideal para nos conduzir nesse caminho - garante o gerente de futebol Amarildo Amaral.

Alemão, técnico do Central, e Amarildo Amaral, gerente de futebol (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com) 
Alemão chegou ao clube com Amarildo Amaral
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
Aos 50 anos, há cinco como treinador, Alemão tem na Capital do Agreste pernambucano a primeira experiência no futebol nordestino. Antes de chegar ao Central, Alemão havia passado pelo modesto Tupynambás-MG, o América-MG (onde conquistou a Segundona mineira em 2008) e seu último clube foi o Nacional-AM. Alemão não pretende usar o Central como uma ponte aos clubes mais conceituados no país, mas, sim, gravar seu nome na quase centenária história do Alvinegro.

- Penso em ir longe. Em um ano e meio de trabalho estarmos na Série B. Temos potencial para isso. Muitos clubes grandes do Brasil não têm a torcida e um estádio como este do Central - elogia o comandante que nunca havia sequer visitado Caruaru.

No elenco, jogadores experientes com uma média de 26 anos. Nenhum grande nome, mas rostos já conhecidos pelas torcidas do Recife como o lateral-esquerdo Jean e o zagueiro Eduardo Teles, ex-Sport, o volante uruguaio Los Santos, que já passou pelas categorias de base da Celeste, e o atacante Valdson, que disputou a última Série B pelo Boa Esporte.

Orçamento apertado

A folha salarial está na casa dos R$ 200 mil e as fontes de receita são os patrocinadores presentes na camisa do clube e os alugueis das lojas anexas ao estádio Lacerdão.

- Todo o nosso elenco vem sendo formado com jogadores com um ano de contrato, o que prova nossa intenção de montarmos um elenco forte para o ano todo e que garanta uma boa garantia financeira ao clube em caso de negociações - diz, Amarildo.

É o caso do jovem volante Jean, de apenas 17 anos, que estava no futebol paranaense, e é apontado pela comissão técnica centralina como uma das principais promessas para o Pernambucano.

Jean e Helder - Central (Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com) 
Jean, o mais jovem, e Helder, o mais experiente
(Foto: Tiago Medeiros / GloboEsporte.com)
Jean, que até pouco tempo jogava como zagueiro, foi 'migrado' para o meio-campo pela mão do treinador, com quem havia trabalhado no Paraná. Jean só viu Alemão em campo pelos arquivos na televisão e internet.

- Infelizmente não o vi jogar, mas sei que foi um grande jogador e me sinto muito orgulhoso de tê-lo como técnico – disse Jean em sua primeira entrevista como profissional.

Do futebol pernambucano, Jean diz conhecer bastante o Sport, mas através do mundo virtual.

- Por várias vezes joguei contra o Sport no videogame. Magrão e Marcelinho Paraíba já , me davam dor de cabeça no videogame.

Jean espera ir longe na carreira, mas de cara o brasiliense espera realizar um sonho antigo.
- Eu nunca fui à praia. Cheguei aqui via Maceió, mas nem passei na frente da praia. Assim que tiver uma folguinha aqui, vou pedir para o chefe me liberar para que eu possa dar um pulo no Recife e mergulhar.
Ao repórter, Jean se mostrou mais preocupado com os tubarões do litoral pernambucano que propriamente os atacante adversários.

- Eles mordem mesmo? Não dá nem para entrar na água?

Na contramão do volante está o goleiro Helder, o mais velho do elenco, com 35 anos, que vai vestir a camisa 1 como a responsabilidade de coordenar os mais jovens em campo.

- Tenho idade para ser o pai do Jean, por exemplo, e com a minha experiência tenho muito a ajudar e moral para cobrar, puxar uma orelha, quando preciso.

Goiano, Helder se mostrou à vontade com o calor de 30 graus comum essa época do ano no Agreste pernambucano.

- Eu estava em Manaus. Nada é mais quente que aquilo ali.

O Central estreia no Campeonato Pernambucano dia 15 de janeiro, fora de casa, contra o Ypiranga, em Santa Cruz do Capibaribe. Até lá, Alemão promete deixar o time nos trilhos para, enfim, encontrar o caminho das conquistas e decorar a modesta sala de troféus do clube com uma taça do Pernambucano.

- Os tempos de ficar pelo caminho passaram. Chegou a vez do Central - garante Alemão.

Por Tiago Medeiros Caruaru, PE - GLOBO ESPORTE

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