CONVERSANDO COM CARUARU

LEIAM OS NOSSOS BLOGS

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Funase previu rebelião e não agiu, diz delegada sobre caso em Caruaru

Adolescente de 15 anos foi morto por vários reeducandos em uma cela.

Confusão ocorreu porque a vítima teria denunciado algum problema.

Funcionários teriam previsto que haveria uma rebelião na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) em Caruaru, no Agreste pernambucano, depois de movimentação intensa de reeducandos na manhã da segunda-feira (6). De acordo com a delegada Giovanna Melo Leloup, responsável pelas investigações, a informação foi registrada pelos agentes socioeducativos e não houve medida de prevenção.

“Eles chegaram à conclusão de que haveria uma rebelião, como houve, e ninguém tomou providência. A responsabilidade é do Governo do Estado e da Funase, porque eles sabiam e não fizeram nada. E um adolescente de 15 anos morreu”, falou a delegada ao G1 nesta terça-feira (7). Ela explica que a morte ocorreu por assassinato triplamente qualificado, “por motivo fútil, por utilizar fogo e por não ter sido dado à vítima o direito de se defender”.
Delegada afirma que Governo do Estado e Funase são responsáveis por rebelião e morte. (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca) 
Delegada diz que responsabilidade é do governo e
e da Funase. (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca).
 
Leloup afirma que muitos reeducandos participaram do homicídio e vários estavam encapuzados. Até então, apenas cinco foram identificados: um de 18 e outro de 19 anos, além de três adolescentes. Os maiores foram encaminhados à Penitenciária Juiz Plácido de Souza, no município, e os menores voltam à unidade da Funase. Também segundo a delegada - que trata a manifestação como “rebelião”, e não como “princípio de rebelião” -, a confusão ocorreu porque a vítima teria denunciado algum problema. Este menor foi arrastado para a cela do reeducando de 19 anos e recebeu golpes com objetos cortantes e outros materiais. Os internos também atearam fogo em colchões, colocados próximos aos portões da unidade, além de render um agente.

Por fim, a delegada Leloup critica a organização da Funase. “Os adolescentes estão no mesmo local dos que são maiores de idade. Eles estão em pavilhões diferentes, mas têm certo contato uns com os outros, é uma escola [do crime]”, afirmou.

Abertura de sindicância
 
Ainda nesta terça-feira, a Funase informou que abrirá uma sindicância interna pela Corregedoria da unidade para apurar o princípio de rebelião. Durante o tumulto, um jovem de 15 anos de idade, do município de Bezerros, também no Agreste, morreu. Segundo a Fundação, o menor vinha cumprindo medida socioeducativa desde maio de 2013.
Segundo presidente da Funase, unidade de Garanhuns tem algumas fragilidades.  (Foto: Reprodução/TV Asa Branca) 
Presidente da Funase esteve em Caruaru, nesta
segunda (6). (Foto: Reprodução/TV Asa Branca).
 
O presidente da Funase, Eutácio Borges, esteve no local na segunda-feira e disse que algumas medidas sobre casos como este foram tomadas durante todo o ano passado. “No ato como esse, primeiro temos que buscar conter a unidade. Buscar informações de quem se envolveu e como se envolveu. Para isso, estamos usando as imagens de câmeras de segurança que foram instaladas na unidade. Algumas foram quebradas por eles, mas, antes da quebra, nós conseguimos imagens que vão ser levadas ao delegado e também às nossas equipes internas para identificar todo o ocorrido”, afirma.

De acordo com a Polícia Militar, o tumulto teria começado quando adolescentes de uma das alas se rebelaram e foram em direção a um outro setor para agredir um adolescente. Eles atearam fogo a colchões próximo ao portão de entrada da unidade e teriam rendido um agente. Segundo o Corpo de Bombeiros, uma parte da unidade foi danificada. Nas celas, foram encontrados materiais feitos artesanalmente.
Objetos utilizados para matar o adolescente. (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca) 
Objetos utilizados para matar o adolescente.
(Foto: Reprodução/ TV Asa Branca).
 
O capitão Edmilson Silva, do 4º Batalhão da Polícia Militar, explicou como foi a ação da corporação. “A PM foi solicitada para intervir numa situação de rebelião. Nós deslocamos o efetivo para conter toda a situação e evitar que houvesse alguma fuga, que eventualmente ocorre em tumultos como este. Houve a contenção, mas, infelizmente, quando nós chegamos ao local, o menor já tinha sido morto pelos próprios internos com objetos perfurantes”, explica.

Vistoria na unidade
 
Um engenheiro e uma arquiteta da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) realizaram uma vistoria, na manhã desta terça-feira (7), no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Caruaru. Os profissionais foram acompanhados por representantes da Secretaria da Criança e da Juventude do Estado.

De acordo com a assessoria da Funase, eles já vinham fazendo um levantamento para modificações na estrutura física da unidade desde dezembro do ano passado e a vistoria desta terça-feira foi realizada para dar continuidade ao projeto de adequações que serão desenvolvidas no Centro. O resultado da vistoria deve ser apresentado em um relatório na próxima semana.
Incêndio começou no fim da tarde desta sexta (26). (Foto: Reprodução/ TV Asa Branca) 
Um outro princípio de rebelião foi registrado em
outubro de 2013 (Foto: Reprodução/TV Asa Branca).
 
Manifestação em outubro
 
No dia 26 de outubro do ano passado, um príncipio de rebelião ocorreu na mesma unidade. Menores atearam fogo e danificaram um pavilhão.

À época, o secretário Pedro Eurico, da pasta da Criança e do Adolescente, informou que a manifestação foi motivada pela insatisfação dos reeducandos com a superlotação.

Os menores se queixaram também de que outros reeducandos estavam recebendo regalias dentro da Funase. A polícia realizou uma vistoria na unidade e foram encontradas drogas, celulares e facas artesanais.

Do G1 Caruaru.

Nenhum comentário:

Postar um comentário