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domingo, 6 de março de 2016

Falha geológica registrada há 32 anos em PE causa 448 tremores em 3 dias,

Observatório Sismológico da UnB registrou momento do abalo de magnitude 3.8, com epicentro em São Caetano, no Agreste (Foto: Divulgação/ Obsis/ UnB).

Sismólogo da UnB diz que fenômenos são frequentes no Agreste do estado.

LabSis da UFRN registrou abalo de 3.8 de magnitude - o maior dos 3 dias.

Há 32 anos abalos sísmicos são registrados no Agreste de Pernambuco devido a um sistema de falhamento geológico que existe na região. De acordo com o sismólogo da Universidade de Brasília (UnB), George Sand, os fenômenos - que ocorrem desde 1984 - são frequentes. "É como se houvesse uma rachadura na geologia da região. Quando o sistema se movimenta, ocorrem os tremores", explicou ao G1.

O Laboratório Sismológico (LabSis) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) registrou 448 abalos das 12h20 da terça-feira (23) até às 10h da sexta-feira (26). Na terça houve um tremor de 3.8 de magnitude entre os municípios de São Caetano e Caruaru - o maior neste período.

Sismograma registrou o abalo sísmico de 3.8 de magnitude entre São Caetano e Caruaru (Foto:  Divulgação/ LabSis/UFRN) 
Sismograma no momento do abalo sísmico de
3.8 de magnitude (Foto: Divulgação/ LabSis/UFRN).
 
Ainda segundo o sismólogo, não há uma causa específica para que estes fenômenos ocorram. "Os tremores acontecem independente do clima e de qualquer outro fenômeno da natureza. Eles são comuns. Muitas pessoas associam ao tempo chuvoso ou ao tempo quente, mas não tem nenhuma relação", afirmou George Sand.

O sismólogo da UFRN Eduardo Menezes esclareceu ao G1 que estes fenômenos fazem parte do mecanismo do planeta. "Em determinados locais da Terra, os esforços ou forças que atuam no interior do planeta provocam movimentos nas rochas fazendo elas se moverem. É assim que se geram os tremores. Em alguns lugares [os abalos] são fortes e em outros, fracos. Às vezes os fenômenos nem chegam a ser observados", detalhou.

George Sand ainda esclareceu que não há como prever estes fenômenos. "As rochas que fazem parte da geologia estão em constante movimento e em muitas regiões do Brasil este sistema geológico tem falhas. E nem toda falha é capaz de causar tremor. Estes abalos são como tsunamis: acontecem quando menos esperamos. É impossível prever este fenômeno da natureza", diz.

Técnicos do LabSis estiveram na zona rural de São Caetano com o coordenador da Defesa Civil do município (Foto: Paula Cavalcante/ G1) 
Técnicos do LabSis estiveram na zona rural de São
Caetano com o coordenador da Defesa Civil do
município (Foto: Paula Cavalcante/ G1).
 
Visita do LabSis
 
Na manhã da quarta-feira (24), técnicos do LabSis estiveram em São Caetano para encontrar um lugar mais aproximado do epicentro do tremor. Localidades da zona rural do município foram visitadas e moradores entrevistados. A equipe deve monitorar a área devido ao alto número de abalos que ocorreram.


Moradores de outras cidades relataram em redes sociais que também sentiram os abalos: Toritama, Agrestina, Riacho das Almas, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus, Tacaimbó e Camocim de São Félix, no Agreste; além de Catende, Água Preta, Belém de Maria e Palmares, na Mata Sul.

Renan Lima é formado em Relações Internacionais e mora em Caruaru, também no Agreste. Ele é uma das pessoas que sentiu o abalo de 3.8. "Foi o mais forte que já presenciei", contou ao G1. A estudante Paula Gabriela Oliveira disse que estava em casa com filho quando sentiu o tremor. "Foi bem forte. Depois ouvi um barulho pequeno de algo quebrando na sala. Quando percebi, vi que uma parte do gesso havia rachado", relatou a moradora de Caruaru.
 

A agricultora Janaína Maria da Conceição Santos mora próximo ao epicentro do tremor registrado no Agreste (Foto: Paula Cavalcante/ G1) 
Agricultora mora próximo ao epicentro do tremor
em Pernambuco (Foto: Paula Cavalcante/ G1)
'Balançou tudo'.
 
A agricultora Janaína Maria da Conceição Santos, de 21 anos, mora em uma das comunidades próximas ao epicentro. "Eu me agarrei nos meninos. Só vi as telhas balançando. Balançou tudo mesmo, até as paredes tremeram, parecia que estavam dançando. Dançou tudo", relatou ao G1 durante a visita da equipe do LabSis na quarta-feira (23).


Segundo o sismólogo Eduardo Menezes, não há como prever um tremor. "O que se pode fazer é um acompanhamento, até mesmo da evolução temporal. São eventos que acontecem durante um determinado período, com frequência pequena. Pode ter evento de magnitudes maiores como também pode ter período de vários eventos de pequena intensidade".

Nenhuma ocorrência

 
A Polícia Militar e a Prefeitura de São Caetano informaram ao G1 que não atenderam nenhuma grave ocorrência no local. O G1 também entrou em contato com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros de Caruaru. De acordo com eles, também não houve nenhum registro grave no município e nas cidades vizinhas.


Do G1 Caruaru.

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