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segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Buíque enterra seus mortos hoje. Vinte e quatro pessoas morreram em acidente


A cidade de Buíque, a 258 quilômetros do Recife, está de luto. Hoje o município vai parar para prestar as últimas homenagens aos 24 cortadores de cana da cidade que morreram no último sábado, quando retornavam de Jateí, no Mato Grosso do Sul (MS), para o município. Os trabalhadores são vítimas da colisão envolvendo um ônibus e uma carreta no quilômetro 583 da BR-116, na Bahia. Trinta e três pessoas morreram no acidente. Sete corpos ainda aguardam identificação. No início da noite de ontem, 13 caixões chegaram à sede do Clube Municipal. Uma multidão  é esperada para o enterro dessas vítimas, marcado para hoje, às 11h. Cerimônia que terá a presença do governador Eduardo Campos. Outros 11 corpos devem chegar no início desta manhã, trazidos da cidade de Jequié (BA) por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Ainda não foi informado oficialmente se o enterro dessas vítimas também acontece hoje.

Os governos dos estados da Bahia e de Pernambuco organizaram uma verdadeira força-tarefa para identificar, em tempo recorde, 26 corpos. Ontem, secretários pernambucanos foram deslocados para prestar assistência jurídica e social aos parentes das vítimas. A Prefeitura de Buíque já decretou feriado municipal. Difícil seria continuar a vida normal diante de uma tragédia sem precedentes na pacata cidade. Buíque é uma cidade com apenas 52 mil habitantes, onde todo mundo se conhece. A maioria dos mortos morava em bairros humildes da Zona Rural. As famílias estão desoladas. Muitas perderam até oito parentes de uma vez só e dependiam do dinheiro que esses trabalhadores mandavam do corte de cana no Mato Grosso do Sul. Agora, não sabem mais o que fazer.

A viúva de José Edvaldo Pereira da Silva, Jailza Lúcia de Oliveira, conta que ele ganhava apenas R$ 90 por semana quando trabalhava tirando leite de vaca numa fazenda a poucos quilômetros de casa. Com quatro filhos para criar, o dinheiro era curto. Ele, então, decidiu seguir o conselho do namorado da filha mais velha e viajou para longe. No Mato Grosso do Sul, a renda mensal do agricultor chegava a R$ 1 mil. “Ele mandava, em média, R$ 500 para a gente. Este acidente foi terrível. Só Deus vai dar força para mim e para os meus filhos”, afirmou a também agricultora Jailza.

Dois dias antes de chegar, o marido ligou dizendo que tinha comprado brinquedos para os filhos. “Ele não teve tempo de entregar os carrinhos”, lamentou a mulher, com quem José Edvaldo era casado há 19 anos. Já a dona de casa Judite Moreira perdeu oito parentes no acidente. “Todos ajudavam a família. Aqui o salário é pouco. Eles tinham que sair para poder alimentar os filhos. Meus sobrinhos passavam seis meses, às vezes um ano no Mato Grosso e depois voltavam para casa”, contou. A irmã de Ivanildo Moreira da Silva, Maria de Lurdes Moreira, soube da morte do irmão pelo rádio.

“Estava ouvindo as notícias quando escutei o nome dele. É triste a pessoa esperar por um irmão e ele não chegar. Toda a família aguardava ele para o Natal”, relembrou. Segundo Maria de Lurdes, Ivanildo era casado e tinha cinco filhos. Ele decidiu viajar porque estava desempregado. Nos últimos dias, estava feliz por poder passar as festas de fim do ano em casa. A agricultora Izaura Beserra também estava animada com a ideia de passar o Natal ao lado do marido, Severino Beserra Cavalcanti. Eles eram casados há 14 anos e tinham um casal de filhos. “Além do meu marido, perdi quatro primos e um cunhado neste acidente”, disse, triste.

Doze feridos no acidente permanecem internados. José Cláudio da Silva, que está no Hospital Prado Valadares, em Jequié (BA), está com suspeita de morte encefálica. Ailson Pereira, Damião Pereira e Valdison Santana foram transferidos do Prado Valadares para o HR. Valdison, de apenas 20 anos, corre o risco de ficar paraplégico.

Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

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