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domingo, 14 de novembro de 2010

Posseiros retardatários de Serra dos Cavalos serão retirados nesta segunda

A PMC, com o apoio do Governo do Estado, conseguiu desapropriar uma área ao lado do parque para acomodar todos os posseiros

O Ministério Público, a Polícia Militar e a Prefeitura de Caruaru se reuniram esta semana e acertaram para a próxima segunda-feira (15) a retirada dos últimos posseiros que ainda residem no Parque Ecológico de Serra dos Cavalos. O processo já se arrasta há mais de uma década, mas parece que agora realmente está chegando ao fim.

De acordo com o diretor de Meio Ambiente, Jorge Quintino, a maioria dos posseiros já deixou o local. "Acredito que na próxima segunda-feira não iremos encontrar nenhum tipo de problema ou resistência", disse Quintino. O diretor informa também que os agricultores que já deixaram o local estão recebendo ajuda para pagar o aluguel de onde estão morando. A PMC, com o apoio do Governo do Estado, conseguiu desapropriar uma área ao lado do parque para acomodar todos os posseiros.

Nessa área, a Prefeitura de Caruaru já desenvolveu um projeto para a construção de casas que servirão como moradia para as famílias tradicionais. O local, intitulado Eco-vila, é uma espécie de condomínio rural, com casas e espaço para plantio e será construído nas proximidades do Murici. De acordo com Jorge Quintino, após a saída definitiva dos posseiros, será iniciado um trabalho intenso de recuperação das áreas degradadas, construção de museu, sementeira, eco-escola e um orquidário. "O Parque João Vasconcelos Sobrinho passará a receber visitantes através de um projeto de eco-turismo", conclui.
HISTÓRIAAté o início da década de 1980, a Serra dos Cavalos era uma grande fazenda pública e não havia nenhuma preocupação ambiental em relação à preservação do espaço. Em 1983, o então vereador Souza Pepeu propôs a criação do Parque Natural, intitulado João Vasconcelos Sobrinho. Nesse mesmo ano, a Prefeitura de Caruaru oficializou a criação do parque através da Lei Municipal nº 2.796. Na época, duas ONGs engajaram-se no processo de educação ambiental, a Mope (Movimento de Proteção Ecológica) e a Natureza Viva, liderada, dentre outros, pelo biólogo João Luiz Aleixo, conhecido por Lula do Mel.

Em 1990, ao serem procurados por um membro da Comunidade Hare Krishna - que denunciou os crimes ambientais praticados no parque -, integrantes da Mope, incluindo o atual presidente do PV (Partido Verde), Marcelo Rodrigues, denunciaram os problemas à Justiça, que instaurou inquérito civil para apurar os crimes e exigir respeito ao locus enquanto reserva. Em 1994, o Ministério Público ingressou com uma ação civil pública contra o município de Caruaru e tinha início uma verdadeira guerra e conflito de interesses.

No dia 25 de março de 2009, a ação civil pública nº 213.1999.047666-4 tornou-se vitoriosa após uma audiência de conciliação, obrigando o município, dentre outras, a adotar as medidas necessárias para impedir a realização de atividades de exploração no entorno e no interior da localidade, a retirar as pessoas que exercem atividades agrícolas e as famílias que já viviam na reserva antes mesmo da criação do parque. 

A empresa Cerâmica São Caetano do Norte Ltda, que extraía argila há mais de 30 anos, teve os seus serviços paralisados imediatamente. Já a Mineração Palestina S.A., fabricante da água mineral Vitale e que explorava a área há 15 anos, recebeu um prazo de 90 dias para cessar as atividades. Além da retirada das empresas, a decisão atingiu também 69 famílias que viviam no local e que receberam tratamentos diferenciados.


Jornal Vanguarda

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