Volante se prepara para o sofrimento que a marca da frustrante campanha causará na carreira - Fernando Dantas/Gazeta Press.
Moacyr Barbosa morreu em 7 de abril de 2000 dizendo pagar uma pena maior do que qualquer outro brasileiro
da história. Por quase 49 anos, o goleiro sofreu vivo com a culpa que
lhe atribuíam pelo gol de Ghiggia na vitória uruguaia por 2 a 1 em 16 de
julho de 1950, na final da Copa do Mundo no País, no Maracanã. Ao ser
lembrado da história do camisa 1, Ramires respirou fundo.
Embora reserva na Seleção Brasileira
que Luiz Felipe Scolari montou na esperança de ser hexacampeão no
segundo Mundial que o Brasil organizou, o volante está entre os que mais
se abateram pelo fracasso do time neste ano. Em rápida conversa com a Gazeta Esportiva, o jogador do Chelsea ainda mostrou que precisa entender o peso do quarto lugar em 2014.
“Já
estamos marcados”, definiu Ramires. “Só o fato de ter perdido a
semifinal e não ter chegado à final já nos deixa marcados. Ficando em
quarto lugar ainda, com certeza vamos ficar marcados. Devido aos últimos
resultados, vamos ficar marcados negativamente”, relatou o jogador,
ainda tentando se conformar, inclusive, com a perda do terceiro lugar
levando 3 a 0 da Holanda no último jogo do time no torneio.
O
meio-campista já participou de uma eliminação em 2010 e sabe que o
simples fato de não ter sido campeão neste ano já seria suficiente para,
ao menos, lidar com um peso similar ao Maracanaço de 64 anos atrás. Ao
pensar na derrota por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal, no maior
vexame em 100 anos de história da Seleção Brasileira, Ramires coça a
cabeça.
“Quando
as coisas vão muito bem, da maneira que vêm os tapas nas costas e os
elogios, acontecem as mesmas coisas quando vamos mal: vamos tomar muitas
pancadas e críticas. Precisamos tentar ter a cabeça no lugar porque
vamos ouvir bastante coisa por muito tempo”, disse, até tentando tirar o
rótulo de vexame que, no entanto, sabe ser impossível tirar desse grupo
que jogou o Mundial no Brasil.
“Não sinto vergonha, não. É da
profissão, estamos sujeitos a isso no nosso trabalho”, relatou, sem
esconder, porém, que está envergonhado. “É claro que é um pouco difícil
olhar no olho da sua família e falar para eles que não conseguiu. Depois
de tudo que depositaram para nós de energia positiva... É complicado.”
William Correia, enviado especial Brasília (DF) - GAZETA ESPORTIVA.
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