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sábado, 12 de julho de 2014

Felipão aceita carregar marca do vexame nos “20 anos que lhe restam"

Nesta sexta-feira, foram completos 45 dias de trabalho da Seleção Brasileira visando a Copa do Mundo desde a apresentação de todos na Granja Comary. O sonho do título que era obrigação foi interrompido com a pior derrota da história do futebol pentacampeão mundial, e Luiz Felipe Scolari, aos 65 anos, já aceita carregar a marca do vexame nas duas décadas que ainda pretende viver.

“Não estou mais nervoso porque o objetivo principal não vai acontecer, mas, desde terça-feira, tem sido difícil. E provavelmente será difícil pelo resto das nossas vidas. O que o torcedor e nós sentimos não vai mudar da noite para o dia. Durante os 20 anos mais que vou viver provavelmente, serei relembrado por isso e sei que isso será relembrado por muito mais tempo por todos”, sentenciou.

O peso da vitória alemã por 7 a 1 é uma das principais mudanças na vida de Felipão após o seu segundo Mundial no comando do Brasil. “Tem tanta coisa que mudou, tanta coisa que vivi em 45 dias que acrescentam na minha vida para melhor ou para pior. Vou fazer um balanço delas na sequência da minha vida, mas é claro que não será nada igual.”

Mesmo fora de campo, o período em que ficou à disposição da Seleção para a Copa foi de tristes notícias para o treinador. Antes da estreia contra a Croácia, Scolari soube das mortes de um cunhado e um sobrinho. Tudo isso será debatido com a família a partir deste domingo, dia seguinte ao seu último jogo no torneio.

“Nos primeiros momentos, vou pagar as contas, ir ao banco, acertar as coisas e ajeitar a vida particular que deixei um pouco de lado esses dias. Depois, vou conversar um pouco com a família, explicitar situações e momentos que vivi, como me comportei com meus jogadores e com o público, o que aconteceu. Por telefone, não se explica muita coisa”, apontou.

Nada do que ocorreu, porém, o assusta. “Nosso trabalho ficou arranhado pelo resultado catastrófico. Temos que nos envergonhar dos 7 a 1 que, em 100 anos de futebol, não levamos, mas tem que ver também as coisas boas e que fomos derrotados por uma equipe melhor qualificada. Não vamos nunca seguir pelo caminho da derrota. Também ficou marcado o título na Copa das Confederações e os cinco títulos mundiais do Brasil. Essa é a vida de quem trabalha no futebol”, simplificou.

Como último ato depois da fracassada tentativa de tornar o país hexacampeão mundial no torneio em que foi sede, Felipão deseja uma vitória. Contou ter conversado com os jogadores para minimizar o abalo da humilhante derrota de terça-feira e garantir a terceira colocação na Copa do Mundo vencendo a Holanda neste sábado, em Brasília.

“O que tentamos desde quinta-feira era a recuperação na parte psicológica, trabalhando situações com nossos jogadores para que tenham uma perspectiva de jogar contra a Holanda como se fosse o nosso sonho principal. Pelo que tenho conversado com o Thiago Silva, revertemos, pelo menos, 75% daquela situação horrível e vamos trabalhar até amanhã (sábado) para entrar em campo com condições de ficar com o terceiro lugar e, pelo menos, dar ao povo brasileiro uma pequena alegria”, indicou.

William Correia, enviado especial Brasília (DF) - GAZETA ESPORTIVA.

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