Nesta sexta-feira, foram completos 45 dias de trabalho da Seleção Brasileira
visando a Copa do Mundo desde a apresentação de todos na Granja Comary.
O sonho do título que era obrigação foi interrompido com a pior derrota
da história do futebol pentacampeão mundial, e Luiz Felipe Scolari, aos
65 anos, já aceita carregar a marca do vexame nas duas décadas que
ainda pretende viver.
“Não estou mais nervoso porque o
objetivo principal não vai acontecer, mas, desde terça-feira, tem sido
difícil. E provavelmente será difícil pelo resto das nossas vidas. O que
o torcedor e nós sentimos não vai mudar da noite para o dia. Durante os
20 anos mais que vou viver provavelmente, serei relembrado por isso e
sei que isso será relembrado por muito mais tempo por todos”,
sentenciou.
O peso da vitória alemã por 7 a 1 é uma das principais mudanças na vida de Felipão após o seu segundo Mundial
no comando do Brasil. “Tem tanta coisa que mudou, tanta coisa que vivi
em 45 dias que acrescentam na minha vida para melhor ou para pior. Vou
fazer um balanço delas na sequência da minha vida, mas é claro que não
será nada igual.”
Mesmo fora de campo, o período em
que ficou à disposição da Seleção para a Copa foi de tristes notícias
para o treinador. Antes da estreia contra a Croácia, Scolari soube das
mortes de um cunhado e um sobrinho. Tudo isso será debatido com a família a partir deste domingo, dia seguinte ao seu último jogo no torneio.
“Nos
primeiros momentos, vou pagar as contas, ir ao banco, acertar as coisas
e ajeitar a vida particular que deixei um pouco de lado esses dias.
Depois, vou conversar um pouco com a família, explicitar situações e
momentos que vivi, como me comportei com meus jogadores e com o público,
o que aconteceu. Por telefone, não se explica muita coisa”, apontou.
Nada
do que ocorreu, porém, o assusta. “Nosso trabalho ficou arranhado pelo
resultado catastrófico. Temos que nos envergonhar dos 7 a 1 que, em 100
anos de futebol, não levamos, mas tem que ver também as coisas boas e
que fomos derrotados por uma equipe melhor qualificada. Não vamos nunca
seguir pelo caminho da derrota. Também ficou marcado o título na Copa
das Confederações e os cinco títulos mundiais do Brasil. Essa é a vida de quem trabalha no futebol”, simplificou.
Como
último ato depois da fracassada tentativa de tornar o país hexacampeão
mundial no torneio em que foi sede, Felipão deseja uma vitória. Contou
ter conversado com os jogadores para minimizar o abalo da humilhante
derrota de terça-feira e garantir a terceira colocação na Copa do Mundo
vencendo a Holanda neste sábado, em Brasília.
“O que tentamos
desde quinta-feira era a recuperação na parte psicológica, trabalhando
situações com nossos jogadores para que tenham uma perspectiva de jogar
contra a Holanda como se fosse o nosso sonho principal. Pelo que tenho
conversado com o Thiago Silva, revertemos, pelo menos, 75% daquela
situação horrível e vamos trabalhar até amanhã (sábado) para entrar em
campo com condições de ficar com o terceiro lugar e, pelo menos, dar ao
povo brasileiro uma pequena alegria”, indicou.
William Correia, enviado especial Brasília (DF) - GAZETA ESPORTIVA.
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