A Argentina atingiu 100% de aproveitamento na fase de grupos da Copa do Mundo sem convencer, claramente dependendo de Lionel Messi. Nesta terça-feira, deve agradecer a outro astro: Angel Di María. O atacante
do Real Madrid superou a própria má atuação e fez o gol da vitória por 1
a 0 sobre a Suíça no fim do segundo tempo da prorrogação.
Messi, como já tinha ocorrido neste Mundial,
tentou carregar sua pouco inspirada seleção durante toda a partida. Aos
12 minutos do último período da partida, o craque foi abrindo espaço
até encontrar Di María completamente livre para balançar as redes. Nos
acréscimos, o suíço Dzemaili ainda acertou a trave.
No
sufoco, a bicampeã mundial está nas quartas de final da Copa do Mundo.
Tentará encerrar jejum de 28 anos e manter o sonho do terceiro título às
13 horas (de Brasília) de sábado, quando encara no Mané Garrincha o
vencedor do duelo entre Bélgica e Estados Unidos.
Messi acabou encontrando o espaço fatal na zaga da Suíça já na segunda prorrogação - Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
O jogo – Do
time a quem deu nota 7 pela atuação na vitória sobre a Nigéria, a
melhor na pouco convincente participação argentina nesta Copa do Mundo, o
técnico Alejandro Sabella só trocou Aguero, machucado, e não inventou
ao colocar Lavezzi. A estratégia era simples: Gago era um volante que
mais parecia um quinto defensor e cabia a Mascherano, zagueiro no
Barcelona, levar a bola ao quarteto ofensivo.
Ficou fácil para a
Suíça encaixar sua marcação com duas linhas de quatro, afastando
Mascherano dos homens da frente. Shaqiri e Drmic eram os únicos soltos
e, quando o time tinha a bola, Xhaka e Mehmedi se juntavam, mas já
olhando para trás para não descuidar da parte defensiva.
Amarrada,
a Argentina não conseguia jogar mesmo com Lavezzi voltando com
frequência para buscar a bola com Mascherano. Messi também se mexia
bastante, mas sempre era seguido de perto por um ou dois suíços e não
encontrava espaço para dar arrancadas. Passou a tocar de primeira na
bola e buscar as tabelas, mas só conseguia gerar algo quando encontrava
Di María.
Desorganizados, os sul-americanos se espalhavam em campo
e, quando perceberam, encontraram os europeus tocando a bola perto de
Romero. Só faltava qualidade para entrar na área e até para desarmar,
tanto que não pouparam os rivais de faltas. Em uma delas, sofrida por Di
María, aos 24 minutos, Messi cobrou na área para Higuain cabecear por
cima do travessão.
Indo à frente na marra, a Argentina ainda
assustou em outra bola parada, quando Garay aproveitou cobrança de
escanteio e cabeceou rente à trave, aos 29. Mas era pouco, e ainda dava
espaço para a Suíça contra-atacar. Aos 27, Xhaka bateu em cima de Romero
e, aos 38, Drmic passou vergonha, entrando completamente livre na
grande área e, com o goleiro argentino assustado e parado, literalmente
recuou a bola para o camisa 1.
Os suíços estavam tão à vontade
que, no final do primeiro tempo, Shaqiri parou a bola na ponta direita e
ficou gingando na frente de Gago, só parando quando Lavezzi saiu do
ataque apenas para derrubá-lo. Era uma vergonha para os argentinos, que
voltaram do intervalo se impondo, tocando a bola para mostrar a razão de
serem os favoritos em campo.
Di María, que já tinha chutado fraco
em cima do goleiro suíço em rara tabela que teve com Messi aos 40
minutos do primeiro tempo, voltou pior para a etapa final, sem acertar
quase nada e ainda recebendo vaias ao errar na tentativa de um
cruzamento de letra. Mas a Argentina tinha em seu camisa 10 alguém bem
melhor, saindo da área para fazer até Lavezzi jogar.
Com um minuto
de segundo tempo, o atacante do Paris Saint-Germain encontrou Higuain
prensado, e o centroavante, enfim, apareceu. Messi acertou os dribles
que costuma e levava a Argentina à frente. Só não podia poupar Romero,
que falhou duas vezes ao tentar defender cobrança de falta aos quatro
minutos, mas os suíços entenderam que não podiam fazer nada além de se
fechar.
Nem adiantava apelar para as faltas, como faziam frequente
os europeus. Eles até esqueceram de Messi, que teve uma perigosa
liberdade para matar a bola no peito fora da área e encobrir o goleiro
Benaglio, aos 22, jogando a bola rente ao travessão. Dos seus pés,
também saiu lançamento para Zabaleto cruzar para Higuain cabecear com
perigo, aos 21, e Rojo chutar em cima do arqueiro suíço, aos 13.
Luta não faltou a suíços como Shaqiri, mas a equipe não conseguiu sobreviver às oitavas de final - Marcelo Ferrelli/Gazeta Press.
Disposto
a apostar na velocidade para continuar em cima da Suíça, Sabella trocou
o cansado Lavezzi por Palacio, que também aparecia melhor na área. A
real esperança, contudo, era Messi, que entrou na área como quis, aos 32
minutos, driblando quem estivesse à sua frente e só parando em
excelente defesa de Benaglio.
A Suíça foi trocando seus
marcadores com a clara intenção de manter o empate. A vontade não jogar
nem deixar o rival se aproximar da área causava irritação, como mostrou
Messi ao dar uma trombada em Behrami, que fez o árbitro pedir que o
craque se acalmasse.
Nervosos, os argentinos passaram a cometer
faltas e Gago acabou dando à Suíça a chance de sonhar nos acréscimos,
quando até danificou a chuteira de Inler com entrada dura. Na cobrança,
os sul-americanos, ao menos, tiveram sorte ao ver Schaer cabecear por
cima do travessão. A prorrogação era inevitável.
Durante
os três primeiros minutos da prorrogação, a Suíça foi salva por
Benaglio, goleiro que evitou cabeçada perigosa de Garay e ainda apareceu
bem em finalização de Palacio. Depois, os europeus superaram suas
próprias furadas na bola para se aproveitar do cansaço argentino.
O
time vermelho deu show durante quase todo o primeiro tempo da
prorrogação. Mehmedi chegou a deixar de trocar passes para dar dribles
humilhantes, mesmo que para trás, em quem vestisse azul e branco. O time
estava tão à vontade que Shaqiri deu uma bronca no árbitro por ficar na
sua frente e atrapalhar suas fintas.
Para o segundo tempo da
prorrogação, Sabella gastou suas duas substituições restantes, trocando
os cansados Rojo e Gago por Basanta e Biglia. A Suíça, por sua vez,
voltou a atuar para não deixar o rival jogar, ficando na área e só
levando susto em finalização de Di María, aos três minutos.
Quando
os pênaltis pareciam inevitáveis, Messi abriu espaço até encontrar Di
María completamente livre para balançar as redes, aos 12 minutos do
segundo tempo. Já nos acréscimos, Dzemaili acertou a trave e, pouco
depois, Di María perdeu a chance de espantar o sufoco quando tinha o gol
vazio. A falta que Shaqiri cobrou na barreira argentina aos 20 minutos
da etapa final da prorrogação, contudo, garantiu a festa argentina em
Itaquera.
Luiz Ricardo Fini e William Correia São Paulo (SP) - GAZETA ESPORTIVA.
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