O dono da festa saiu dela envergonhado. A Seleção Brasileira
que imaginava poder ser hexacampeã na Copa do Mundo que sedia não
conseguiu nem manter o perdão que recebeu da torcida neste sábado. O
time montado por Luiz Felipe Scolari não foi capaz de terminar o torneio
com o terceiro lugar e voltou a ter motivo para se envergonhar ao
perder da Holanda por 3 a 0 neste sábado.
A torcida
que foi ao Mané Garrincha gritou “pentacampeão” e aplaudiu a equipe, só
não desculpando Felipão pela humilhante derrota por 7 a 1 para a
Alemanha na semifinal. Mas ampliou a vaia para todos que vestiam verde e
amarelo no gramado e percebeu que, sem nada a comemorar no presente,
foi necessário recorrer ao passado, terminando o Mundial lembrando que
só Pelé fez mil gols.
Os novos motivos para protestos não demoraram a aparecer. Antes dos dois minutos, o Brasil
não tinha conseguido dominar a bola quando Robben venceu disputa pelo
alto e tabelar com Van Persie para ser agarrado perto da área por Thiago
Silva. Como nada dá certo para os anfitriões, o árbitro deu pênalti,
que Van Persie converteu.
Ainda no primeiro
tempo, David Luiz ajeitou cruzamento de De Guzmán, em posição duvidosa,
para Blind, completamente livre, fazer 2 a 0 aos 16 minutos. A partir
daí, o que se viu foi mais uma atuação vexatória pela qualidade dos
comandados de Scolari, que ainda sofreram o terceiro gol nos instantes
finais da partida. Não foi humilhante como uma goleada, mas serão raros
os brasileiros que não saíram do estádio nesta noite sem se sentir envergonhado.
Torcida demonstrou apoio e teve mais uma decepção na despedida da Seleção da Copa do Mundo-Djalma Vassão/Gazeta Press.
O jogo –Os
torcedores que estiveram no Mané Garrincha só não perdoaram Felipão, e o
técnico resolveu poupar muitos dos que passaram vergonha no Mineirão na
terça-feira. Dante, Marcelo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Fred ficaram
no banco. Além da volta de Thiago Silva, após cumprir suspensão, Maxwell
pôde, enfim, estrear em um Mundial, com Paulinho, Ramires, Willian e Jô
completando a lista de novidades.
A Holanda, por sua vez,
ficou desfalcada já no aquecimento, quando Sneijder sentiu dores na coxa
direita. Mas, contra o Brasil, o time laranja não precisava de seu
camisa 10. Mesmo o marcador De Guzmán, que entrou no seu lugar, e o
contestado Clasie eram suficientes para dar suporte a Robben e Van
Persie na briga pelo terceiro lugar.
Os europeus deram a saída de
bola e, durante um minuto, o Brasil só tocou na bola em duas cabeçadas
de David Luiz para a lateral. Até que Cillessen deu um chutão que Robben
desviou de cabeça e logo correu para Van Persie o colocar livre em
direção à grande área. Thiago Silva precisou agarrá-lo, fora da área, e o
árbitro viu pênalti, mas abriu mão de expulsar o capitão brasileiro por
impedir uma clara chance de gol. Van Persie a teve e a aproveitou,
convertendo a penalidade.
A liberdade a Robben surgiu graças ao
desespero da Seleção, frágil também psicologicamente, em marcar na saída
de bola. Assim, quase empatou quando Oscar cruzou e Jô e Ramires não
alcançaram na pequena área. Mas o 3-5-2 holandês logo controlou o jogo e
passou a marcar os donos da casa em seu campo.
Oscar se mexia
entre as intermediárias, buscava o jogo, mas errava ao procurar Maxwell.
Além de não marcar bem, o lateral esquerdo provou porque ainda não
tinha atuado, errando tudo na frente. Maicon resolveu ser opção do outro
lado para ajudar Ramires e, assim, deu a Holanda tudo que ela queria.
Os
comandados de Louis Van Gaal trocaram passes envolvendo quase todos os
seus jogadores aos 16 minutos até que Robben lançou De Guzmán, em
posição duvidosa, para cruzar na pequena área. David Luiz quis afastar
de cabeça, mas ajeitou para o canhoto Blind, completamente desmarcado na
marca do pênalti, dominar e ter tempo de ajeitar o corpo para balançar
as redes chutando de direita.
Robben levou ampla vantagem sobre os marcadores brasileiros no estádio Mané Garrincha -
Djalma Vassão/Gazeta Press.
Djalma Vassão/Gazeta Press.
A
primeira reação ao medo de outro vexame se deu em David Luiz, tido como
líder do elenco e que, como já tinha tentado fazer com o alemão Thomas
Muller no Mineirão, buscar agredir um adversário. Neste sábado, foi o
holandês Clasie, alvo de uma tesoura. O zagueiro, mesmo descontrolado,
era também o único a acionar o ataque, mas sem qualidade, com chutões
para frente.
A partir dos 20 minutos do primeiro tempo, as
vaias foram aparecendo e crescendo, embora parte do estádio ainda
tentasse apoiar. Mas era inútil. Até o zagueiro De Vrij ia ao ataque e
driblava quem quisesse, como quisesse. Assim, De Guzmán ainda levou
perigo em finalização aos 29.
Maxweel ainda provou que pode ser
perigoso para o adversário ao dar cotovelada que fez a cabeça de Kuyt
sangrar. O Brasil, ao menos, não levou cinco gols em 29 minutos, como na
terça-feira. Uma possível evolução, mas insuficiente para impedir que
as vaias tomassem conta do Mané Garrincha no intervalo.
Felipão
quis dar mais dinâmica ao time, trocando Luiz Gustavo por Fernandinho,
mas o volante só apareceu cometendo faltas. Tentou, então, Hernanes no
lugar de Paulinho, e mais uma vez viu alguém sair de seu banco de
reservas nervoso demais e acertando canelas adversárias.
O Brasil
não conseguiu nem se aproveitar do cansaço de um adversário que,
diferentemente do anfitrião, jogou 30 minutos de prorrogação um dia após
o vexame verde e amarelo. Hulk foi a última tentativa de Scolari dar a
torcida que perdoou, ao menos, um gol. O brasileiro, na verdade, espera
que tenha sido a sua derradeira substituição como técnico da Seleção.
No
último minuto do tempo regulamentar, a seleção holandesa chegou ao
terceiro gol. Janmaat recebeu de Robben pela direita e cruzou para
conclusão certeira de Wijnaldum. O técnico Louis Van Gaal ainda tirou o goleiro Cillessen nos acréscimos para dar ao reserva Vorm o gosto de vencer os inofensivos donos da casa em campo.
William Correia, enviado especial Brasília (DF) - GAZETA ESPORTIVA.
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