Thiago Silva precisará cumprir suspensão contra a Alemanha, mas fez um gol e teve a sua redenção-Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
Se não chegou a jogar por música,
foi a Seleção Brasileira que ditou o ritmo da partida contra a Colômbia
no final da tarde desta sexta-feira, no Castelão. O time do técnico
Luiz Felipe Scolari impediu o adversário sul-americano de comemorar mais
uma vitória com danças à beira do campo, como tem feito em toda a Copa
do Mundo. Garantiu o 2 a 1 no placar com gols dos zagueiros Thiago Silva
e David Luiz, para arrancar lágrimas de alegria da torcida local e
confirmar a vaga na semifinal contra a Alemanha. O artilheiro James
Rodríguez descontou, de pênalti.
Jogador
mais criticado por chorar com as emoções da dramática classificação
contra o Chile, coube justamente a Thiago Silva completar uma cobrança
de escanteio de Neymar no princípio do primeiro tempo e abrir o
marcador. A jogada deu paz para a Seleção Brasileira
controlar a partida contra a Colômbia e ampliar no segundo tempo,
através de falta cobrada por David Luiz, pouco depois de a arbitragem
anular um gol de Mario Yepes por impedimento. Os colombianos até
esboçaram uma reação com o pênalti batido por James, mas não produziram o
suficiente para forçar a prorrogação.
A Seleção
Brasileira, no entanto, não deixou de ter uma grande razão para
lamentação. Aos 42 minutos do segundo tempo, Neymar sofreu uma joelhada
nas costas, de Zúñiga, e saiu de campo direto para um hospital de
Fortaleza. Lá, foi confirmado que o principal atleta de Felipão sofreu
uma fratura na terceira vértebra e perderá o restante da Copa do Mundo.
Ao menos, a classificação faz o Brasil
ganhar confiança para alavancar uma campanha que começou de forma
controversa, com um contestado pênalti sobre Fred na vitória por 3 a 1
sobre a Croácia, e continuou com um frustrante empate sem gols com o
México. A animação agora passa a ser a mesma da goleada por 4 a 1 sobre a
frágil equipe de Camarões, apesar das preocupações momentâneas que a
disputa de penalidades com o Chile provocou.
A barreira
emocional das quartas de final também está finalmente superada.
Derrotado por França em 2006 e Holanda em 2010, o Brasil não alcançava
uma fase semifinal de Copa do Mundo desde 2002, quando se sagrou campeão
justamente em cima da Alemanha, adversária da próxima terça-feira, no
Mineirão. O time europeu avançou com uma vitória por 1 a 0 sobre os
franceses, também nesta sexta-feira, no Maracanã.
Neymar sofreu uma fratura na terceira vértebra lombar e está fora do restante da Copa do Mundo-Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
O jogo – Maicon
foi o primeiro jogador de linha do Brasil a pisar em campo na hora do
aquecimento. O substituto de Daniel Alves, em má fase técnica, pareceu
assumir a responsabilidade de mudar o estilo brasileiro na Copa do
Mundo. Fez questão de desacelerar a passada para colocar o pé direito
antes do esquerdo no gramado e saiu correndo com empolgação, batendo
palmas para o público presente.
Quem queria ser
contagiado por aquela energia era Thiago Silva. Bastante criticado por
extravasar as suas emoções e não querer cobrar pênalti diante do Chile, o
capitão ganhou apoio da torcida depois que leu um pequeno discurso
contra o racismo no futebol. Na hora do Hino Nacional, abraçou os seus
companheiros e fechou os olhos, porém sem derramar lágrimas.
Não
havia, de fato, motivo para chorar. Maicon provou que o Brasil enfim
contava com um lateral direito logo na primeira investida contra a
Colômbia, ao ir até a linha de fundo. Pouco depois, aos sete minutos,
Thiago Silva encontrou a sua redenção. Neymar cobrou um escanteio da
esquerda, e David Luiz tentou dividir com a zaga adversária pelo alto. A
bola sobrou limpa para o capitão brasileiro empurrar para dentro e
comemorar com irritação, soltando palavrões para o ar.
O gol
marcado no princípio deu a tranquilidade necessária para o Brasil
controlar o jogo contra a Colômbia. O time visitante até tentou
responder à base da sua velocidade, porém esbarrou na truculência de
Fernandinho, tão seguro como primeiro volante quanto o suspenso Luiz
Gustavo. Ele estava à vontade até para arriscar alguns chapéus. E animou
Paulinho a ser mais participativo, diferentemente dos seus primeiros
compromissos na Copa.
Apesar de aquele volume de jogo da Seleção
Brasileira não ter sido traduzido em grandes chances de gol, a Colômbia
ficou assustada. Ainda mais porque o público era atuante, sempre
lembrando que “o campeão voltou”. Nem mesmo a oportunidade criada por
Cuadrado, que deu um bom chute da entrada da área, mudou os rumos do
primeiro tempo. A bola desviou no meio do caminho e encontrou o lado de
fora da rede. Alguns torcedores chegaram a lamentar, pensando que era o
empate colombiano.
O Brasil estava mais próximo de ampliar do que a
Colômbia de alcançar a igualdade no marcador. Mais recuado do que de
costume, para ajudar a armação, Neymar cedeu espaço para Hulk avançar
com a sua força característica e incomodar Ospina. Em uma tabela com o
astro da equipe, ele obrigou o goleiro a fazer grande defesa, aos 20
minutos. Oscar ainda pegou a sobra, mas finalizou fraco e facilitou a
intervenção colombiana.
O
ímpeto brasileiro foi tamanho da metade para o final da primeira etapa
que enervou a Colômbia. James Rodríguez, o grande destaque do time
visitante, socou o gramado e o ar algumas vezes para externar a sua
irritação com as jogadas mais ríspidas de Fernandinho e com a
passividade da arbitragem. Quando ele conseguiu chegar mais adiante,
Thiago Silva apareceu para tranquilizar a torcida da casa.
O
técnico argentino José Pekerman, ao contrário da maioria das pessoas no
estádio, estava nervoso com o panorama da partida. No intervalo, decidiu
tomar uma atitude e trocou Ibarbo por Ramos. Deu resultado. A Colômbia
tirou proveito de uma queda de rendimento do Brasil e até colocou a bola
na rede. Aos 21 minutos do segundo tempo, Yepes brigou com a defesa
nacional após falta cobrada por James e mandou para dentro. A arbitragem
viu impedimento no lance e fez a torcida local festejar como se fosse
um gol.
Dois minutos se passaram, e a alegria do público foi ainda
maior. David Luiz se apresentou para bater uma falta de longa distância
e mandou a bola no ângulo. Golaço. O zagueiro e os seus colegas
correram para os braços da torcida, que já não acreditava mais em uma
reviravolta da Colômbia. Ninguém se importava nem sequer com a atuação
abaixo da média de Neymar.
Aos 34 minutos, contudo, a Colômbia
voltou para o jogo, a partir do instante em que Júlio César derrubou
Bacca dentro da área. O goleiro recebeu grande apoio para realizar mais
uma defesa de pênalti, porém não deixou de ser o último jogador vazado
pelo artilheiro James na Copa do Mundo. O dono da camisa 10 vermelha
deslocou o brasileiro e gritou para o seu time confiar na reação.
Escolado,
Felipão tratou de proteger a defesa da Seleção Brasileira com as
entradas de Ramires e Hernanes nos lugares de Hulk e Paulinho. Só não
esperava ter de sacar também Neymar, que saiu de maca, aos 42, depois de
mais uma falta dura de Zúñiga e acabou trocado pelo zagueiro Henrique.
Seria o fim da linha para o astro. Já a postura fechada do Brasil trouxe
emoção até o final para a Colômbia, que fez a melhor campanha de sua
história em Copas do Mundo. Mas dançou de vez. Com direito a choro de
James Rodríguez.
Helder Júnior, enviado especial Fortaleza (CE) -GAZETA ESPORTIVA.
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