Neymar marcou duas vezes para o Brasil e se tornou artilheiro isolado da Copa com quatro gols
Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
O Brasil enfim
teve uma atuação convincente em sua Copa do Mundo. No final da tarde
desta segunda-feira, a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari
justificou os gritos de “o campeão voltou” que ecoavam das arquibancadas
do Mané Garrincha, superou o descompromisso do eliminado time de
Camarões e fez 4 a 1 para ir às oitavas de final. Os gols foram de
Neymar (2), o melhor em campo, Fred, que desencantou, e Fernandinho,
pronto para ser titular na vaga de Paulinho.
Na
próxima fase, o adversário brasileiro será o Chile, segundo colocado do
grupo B. Na chave A, o Brasil totalizou os mesmos 7 pontos do México,
que bateu a Croácia por 3 a 1 na Arena Pernambuco e avançou para
enfrentar a Holanda nas oitavas. Croácia, com 3 pontos, e Camarões, com
0, acabaram eliminados.
O Brasil terá menos de uma semana para se preparar para o início da fase de mata-mata do Mundial,
já que a partida contra o Chile será às 13 horas (de Brasília) de
sábado, no Mineirão. No mesmo horário, mas no domingo, o México jogará
contra a Holanda no Castelão.
O jogo – O
técnico Luiz Felipe Scolari e os seus jogadores disseram durante toda a
semana que era impossível repetir o mesmo padrão de jogo da campanha
vitoriosa da Copa das Confederações do ano passado em uma Copa do Mundo.
Ao menos no início da partida contra Camarões, eles provaram o
contrário.
Nos primeiros minutos, o Brasil impôs a pressão
característica dos seus jogos na Copa das Confederações. O atacante
Hulk, de volta ao time após se queixar de dores na coxa esquerda, foi o
primeiro a levar a marcação na base da raça pelo lado direito do campo.
Derrubado, sacudiu os braços para pedir o apoio do público.
Com a
gritaria vinda das arquibancadas – ninguém dizia que era brasileiro, com
muito orgulho e com muito amor, mas todos se faziam escutar –, o Brasil
continuou em cima de Camarões.
Quase abriu o placar aos dois minutos.
Neymar fez um ótimo passe para Daniel Alves, que avançou pelo lado
direito da área e rolou para trás. O contestado Paulinho só não marcou o
gol porque foi travado pela zaga africana.
Logo depois de voltar a
aparecer de surpresa no ataque, Paulinho falhou na defesa. O passe
errado para David Luiz obrigou o volante a dar um carrinho para evitar
que o ataque de Camarões ficasse à frente do goleiro Júlio César. Era a
primeira amostra de que a seleção adversária não estava completamente
resignada em sua despedida da Copa do Mundo.
A segunda viria já em
seguida. Em uma bola perdida na linha de fundo do ataque brasileiro,
Nyom não se deu por vencido e empurrou Neymar ao chão. O astro
brasileiro se revoltou e deu de ombros para o pedido de desculpas do
camaronês. A sua resposta viria com um gol.
Aos 16 minutos, Luiz
Gustavo roubou a bola no lado esquerdo do ataque brasileiro e fez um
cruzamento rasteiro. Neymar mostrou oportunismo para esticar o pé dentro
da área de Camarões, bater Itandje e abrir o placar no Mané Garrincha. A
sua empolgação foi tamanha que, pouco depois, ele quase fez outro com
um chute plástico, de primeira. O goleiro espalmou.
Quem também
queria aproveitar o bom momento brasileiro na partida era Fred, cobrado
pelas más apresentações das duas primeiras rodadas. De bigode grosso no
rosto, o centroavante se esforçou para completar um cruzamento da
esquerda de Paulinho após passe de Oscar. Enroscou-se com o goleiro e
desperdiçou a oportunidade.
Fred quebrou o jejum na Copa e anotou o terceiro gol da Seleção contra Camarões - Sergio
Barzaghi/Gazeta Press.
Barzaghi/Gazeta Press.
Sem
nada a perder, o time de Camarões resolveu contra-atacar. E foi
bem-sucedido, principalmente porque a marcação brasileira era muito
confusa. O primeiro grande susto veio quando Matip subiu para cabecear
no meio da defesa amarela e acertou o travessão. Foi um prenúncio do
gol.
Aos 25 minutos, Nyom pedalou na frente de Daniel Alves,
enganou o lateral adversário com facilidade e cruzou rasteiro da
esquerda. Matip apareceu por trás da desatenta zaga da Seleção
Brasileira e só teve o trabalho de empurrar para a rede.
O gol
camaronês fez a torcida silenciar e deixou mais nítidos os problemas do
Brasil. Neymar se incumbiu de escondê-los novamente. Aos 33 minutos, ele
recebeu a bola de Marcelo, encarou a marcação até a entrada da área,
clareou e concluiu no contrapé do goleiro para desempatar o jogo e
descer para o vestiário ovacionado.
Mesmo com a vantagem no
placar, Felipão decidiu mudar a sua equipe no intervalo. O técnico que
havia dito confiar cegamente em Paulinho no dia anterior abriu os olhos
para enxergar o volante sem brilho outra vez. Mandou Fernandinho a campo
e foi recompensado com uma melhora considerável da Seleção.
Com a
mesma pressão inicial do primeiro tempo – Hulk, de novo, tinha
liberdade para correr pela direita –, o Brasil precisou de três minutos
para ampliar o marcador no segundo. Fernandinho dominou a bola na
entrada da área e acionou David Luiz na esquerda. O zagueiro cruzou para
Fred desencantar, de cabeça.
O placar dilatado desanimou a
eliminada equipe de Camarões, que passava a chamar o Brasil para o
ataque. O técnico alemão Volker Finke buscou algum sinal de reação com
Salli no lugar de Moukandjo. Felipão também mexeu, com Ramires na vaga
do bastante esforçado (e nada além) Hulk. Depois, trocou Oscar por
Neymar, aplaudido de pé.
Àquela altura, o jogo já estava decidido a
favor do Brasil. Restava aos comandados de Felipão evitarem as
divididas mais duras com os atletas de Camarões, que começavam a abusar
da violência. A torcida, satisfeita, começou até a ensaiar novos coros
de incentivo. E retornou ao “o campeão voltou” depois que Fernandinho,
aos 38, tirou proveito de jogada com Fred e Oscar para bater no canto e
transformar a vitória em goleada.
Helder Júnior, enviado especial Brasília (DF) - GAZETA ESPORTIVA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário