Holanda supera calor próximo dos 30ºC e fizeram dois gols após os 42 do segundo tempo (Damien Meyer/AFP).
O
México nunca disputou cinco jogos em uma mesma edição de Copa do Mundo
nem tinha atingido as quartas de final em Mundial que não organizasse.
Nesta tarde, sob cerca de 30ºC e umidade próxima dos 70% em Fortaleza,
fazia esses dados mudar até os 42 minutos do segundo tempo, mas recuou
demais. E a Holanda, melhor time da primeira fase, fez dois gols no fim
para se classificar vencendo por 2 a 1.
O México se dispôs a jogar
e levou perigo até abrir o placar com Giovani dos Santos, aos três
minutos do segundo tempo. Mas recuou e provou que não basta encher sua
área de jogadores para saber defender e que o goleiro Ochoa, sozinho,
não pode ser salvador sempre. Aos 42, Huntelaar, que entrou no lugar de
Van Persie, escorou para Sneijder empatar e, aos 48, o próprio Huntelaar
converteu pênalti sofrido por Robben.
Chorando, os mexicanos
saíram do Castelão aplaudidos por sua torcida, que compareceu em bom
número e tiveram o apoio de muitos brasileiros. A festa ficou para os
holandeses, que joga às 17 horas (de Brasília) de sábado, na Fonte Nova,
em Salvador, contra o vencedor do duelo entre Costa Rica e Grécia, que
se enfrentam ainda neste domingo, em Pernambuco.
O jogo – A
Holanda não abriu mão de sua estratégia baseada quase que
exclusivamente nos contra-ataques, mas igualando seu posicionamento ao
do México. O time de Louis Van Gaal entrou no Castelão no 3-5-2, com
Blind iniciando a partida na zaga e Kuyt na ala esquerda. Aos nove
minutos, De Jong saiu por lesão e Indi entrou no seu lugar, indo para a
zaga e empurrando Blind como volante, sem mexer na estrutura.
A
seleção latina também estava armada no 3-5-2. Mas, ao contrário de
Sneijder, posicionado de forma mais retraída para lançar Robben ou Van
Persie, Giovani dos Santos flutuava entre os volantes rivais para
tabelar com Peralta ou o meio-campista
que viesse de trás. Além disso, Rafa Márquez era um autentico líbero,
alternando-se como zagueiro e volante e comandando a saída de bola.
Aparentemente beneficiado
pelo calor cearense, foi fácil para o México encontrar espaço nas
pontas para atacar e fazer a bola rodar a área holandesa, explorando,
principalmente, as costas de Verhaegh, ala pela direita. Só faltava a
bola chegar a Peralta, que ficou ainda mais coberto por atletas de
laranja quando os europeus recuaram Verhaegh e Kuyt para jogar no 5-3-2.
Os
mexicanos, contudo, responderam chegando com mais gente na frente. Foi
assim que Giovani foi à linha de fundo e tocou para Peralta rolar para
Herrera, que bateu rente à trave direita de Cillessen, aos 16 minutos.
Pouco depois, a seleção verde ainda pediu jogo perigoso quando Herrera
teve sua cabeça atingida pela chuteira de Vlaar dentro da área.
Após
20 minutos jogando no campo adversário, o México reduziu seu ritmo e a
Holanda passou a soltar um de seus meio-campistas para não tornar Robben
e Van Persie os únicos a desafiar três zagueiros. Acabaram dando espaço
para Salcido arriscar da intermediária e obrigar Cillessen a fazer
excelente defesa, aos 23.
Giovani dos Santos transformou o jogo mais presente no ataque do México em gol no início do segundo tempo - Wagner Carmo/Gazeta Press.
Os
europeus só criaram perigo aos 26, quando Van Persie dominou bola perto
da pequena área e, diante de Ochoa, bateu para fora. Cinco minutos
depois, os dois times tiveram três minutos para se refrescar diante dos
cerca de 30ºC na tarde de Fortaleza. Até torcedores deixavam seus
lugares para se aglomerar em corredores do Castelão que tivessem sombra.
Quem
precisava se cobrir mais era a Holanda, que viu, aos 41, Giovani dos
Santos entrar em velocidade pela esquerda de sua defesa na grande área e
parar em Cillessen. Os laranjas, porém, podem reclamar de pênalti
quando Robben foi travado por Rafa Márquez e Moreno já nos acréscimos –
ao dar carrinho, Moreno se machucou e teve que ser trocado por Reyes no
intervalo.
Os cerca de 15 minutos nos vestiários não pareceram ser
suficientes para o time de melhor campanha da primeira fase da Copa
recuperar fôlego, o que foi fatal. Aos três do segundo tempo, Giovani
dos Santos escapou da perseguição de Blind e não se intimidou nem com a
pressão de Wijnaldum para finalizar da intermediária com precisão no
canto esquerdo de Cillessen, abrindo o placar no Ceará.
Enquanto a
Holanda tentava encontrar o que fazer diante do gol, deixou Peralta,
quase do mesmo lugar em Giovani dos Santos fez o gol, obrigar Cillessen a
fazer boa defesa, aos dez minutos. Van Gaal, então, arriscou. Trocou
Verhaegh pelo atacante Depay, que se juntou a Robben e Van Persie na
frente, com Kuyt virando ala direita e Blind atuou do outro lado. O
3-4-3 virou a solução laranja para seguir na Copa.
O México, por
sua vez, se fechou totalmente. E mostrou não ter qualidade defensiva
para suportar a pressão sem sofrer sustos. Aos 12, Ochoa mostrou reflexo
e espalmou cabeça de De Vrij na trave. Dois minutos depois, Sneijder
chutou e a zaga desviou, encobrindo o goleiro e fazendo a bola passar
rente à trave.
O goleiro Ochoa segurou a pressão holandesa enquanto pôde e é um dos grandes nomes do México - Wagner Carmo/Gazeta Press.
O
técnico Miguel Herrera, porém, não estava mais disposto a espalhar seu
time no campo para fechar os espaços para os holandeses. Trocou Giovani
dos Santos pelo meio-campista Aquino e deixou claro a aposta no
contra-ataque ao sacar Peralta para contar com a correria de Chicharito
Hernández.
A Holanda, por sua vez, tinha o incansável Robben,
que, quando não caia pedindo falta, passava por quem estivesse pela
frente, menos por Ochoa, goleiro que usou as pernas para defender chute
do atacante aos 28. Em nova parada para hidratação, Van Gaal cansou do
discreto Van Persie e confiou no posicionamento de Huntelaar, que passou
a dividir com Kuyt a função de referência holandesa na área mexicana.
Com
Robben e Depay nas pontas e Sneijder no centro, os europeus tentavam
colocar a bola na área de qualquer jeito. Estratégia que deu certo
diante de um time que se fechou sem saber marcar. Aos 42 minutos, todos
que vestiam verde não se mexeram na área, deixando Huntelaar
completamente livre na pequena área para escorar para Sneijder chegar de
trás, sozinho, soltando o pé nas redes.
Até o mais confiável
defensor mexicano falhou, de forma fatal. Aos 47 minutos, Rafa Márquez,
como já tinha feito no primeiro tempo, cometeu falta para parar Robben
na grande área. Desta vez, o árbitro marcou pênalti, que Huntelaar
cobrou com perfeição para colocar o time de melhor campanha da primeira
fase da Copa nas quartas de final.
Fortaleza (CE) - GAZETA ESPORTIVA.
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