Origi celebra com Mirallas o gol da vitória: o centroavante, substituto de Lukaku, deixou sua marca no Maracanã - AFP.
"Ão, ão, ão, segunda divisão!". O divertido grito de parte da torcida brasileira
presente no Maracanã, no início da tarde deste domingo, ajuda a resumir
grande parte do confronto entre Bélgica e Rússia, no Maracanã. As duas
equipes fizeram um confronto equilibrado, mas de poucas chances (a
maioria delas na primeira etapa). Só aos 42 minutos do segundo tempo é
que Origi marcou o gol da vitória por 1 a 0, o da classificação belga às
oitavas de final da Copa do Mundo.
Na
próxima quinta-feira, a Bélgica chegará com seis pontos à Arena
Corinthians, em São Paulo, para enfrentar a Coreia do Sul. No mesmo dia,
em situação bastante delicada (com um ponto ganho), a equipe treinada
por Fabio Capello decide seu futuro diante da Argélia, na Arena da
Baixada, em Curitiba. Pela segunda rodada, sul-coreanos e argelinos se
enfrentam ainda nesta tarde, no Beira-Rio, em Porto Alegre.
Foi exagero brasileiro
classificar o confronto como digno de Série B do Campeonato Brasileiro,
mas, além do horário ingrato (13 horas), parte dos 45 minutos finais
foram bem fracos e talvez justifiquem a indignação de quem pagou
ingresso. Até mesmo o atacante belga Dries Mertens, melhor jogador em
campo até o intervalo, saiu vaiado. No segundo tempo, depois de trocar
de lado com Eden Hazard, ele não repetiu a boa atuação da primeira
etapa, e todo o time caiu de produção.
Com Hazard bem marcado pelos russos, coube a Mertens criar as principais chances da Bélgica no 1º tempo - Fernando Dantas/Gazeta Press.
"Vergonha, vergonha, time sem vergonha", divertiram-se, em coro, os brasileiros,
que se animaram em vão aos 38 minutos, ao ver o atacante Kevin Mirallas
cobrar uma falta rasteira, por baixo da barreira, e acertar a trave
direita. E também aos 40 minutos, quando Hazard fez boa jogada e bateu à
esquerda do gol. Mas, aos 42, finalmente o zero saiu do placar. Após
boa jogada de Hazard na linha de fundo, Origi completou para a rede.
Antes
do jogo, a primeira preocupação da comissão técnica belga foi com o
lateral esquerdo Thomas Vermaelen caindo no gramado. Durante o
aquecimento em uma roda de bobinho, ele levou um choque no joelho
esquerdo e reclamou de dores, mas continuou a bater bola na sequência e
retornou mais tarde para jogar como titular. Aos 30 minutos do primeiro
tempo, no entanto, deixou o campo chorando e foi substituído por Jan
Vertonghen.
A pancada na perna não foi a única dor sentida por
Vermaelen neste domingo. Logo no primeiro minuto da partida, ele
disputou uma bola pelo alto com Alexander Samedov e fez um corte no
supercílio direito. O meio-campista russo também acusou o golpe na
cabeça e ficou grogue por alguns segundos, antes de receber atendimento
médico e prosseguir em campo sem maiores problemas.
Quem teve
muitos problemas durante a primeira etapa foi o lado esquerdo da defesa
da Rússia. Autor do gol da virada belga na estreia, o ponta Mertens
estava em outra tarde inspirada. Aos três minutos, recebeu um longo
lançamento, dominou a bola dentro da área e chutou cruzado, em cima da
marcação. Dez minutos depois, após uma bela jogada de Kevin de Bruyne,
que carregou a bola da defesa para o ataque driblando a marcação,
Mertens cruzou à meia altura, com perigo, e a zaga afastou da área.
O
time russo estava acuado, mas, salvando-se defensivamente como podia,
passou a encaixar razoáveis contragolpes. Como aos 11 minutos, quando
Shatov foi acionado na ponta esquerda, puxou a bola para o meio, deixou
três marcadores para trás e rolou para Victor Fayzulin finalizar. Bem
colocado, o goleiro Thibat Courtois espalmou a bola no canto direito e
evitou o gol, na primeira chance efetiva da partida.
A segunda
jogada mais clara foi construída oito minutos depois pela Bélgica. Com
Mertens. O atacante avançou pelo lado direito, limpou a marcação e
chutou à esquerda da meta defendida por Igor Akinfeev. Três minutos mais
tarde, novamente pela ponta direita, driblou Kombarov, já dentro da
área, e chutou colocado, tentando encobrir Akinfeev. Seria um golaço, se
a bola não tivesse saío pela linha de fundo após passar rente ao
travessão.
A Bélgica era melhor no jogo, porém oferecia espaços
para a Rússia chegar com perigo ao ataque. Aos 25 minutos, um lance
polêmico gerou reclamações da torcida russa. O atacante Maksim
Kanunnikov invadiu a área pelo bico esquerdo e caiu após receber contato
por baixo de Toby Alderweireld. O árbitro deu sequência ao lance, e a
defesa belga saiu imune. Assim como aos 28 minutos, quando Kanunnikov
experimentou arremate da ponta esquerda e viu Courtois fazer outra boa
defesa.
A marcação russa segurou Hazard enquanto pôde, mas não recebeu auxílio do ataque, inoperante e nervoso - AFP.
Dos
dois lados, a melhor solução ofensiva era explorar os lados do campo.
Na Bélgica, o centroavante Romelu Lukaku não conseguia ajeitar nenhum
lançamento nem se desvencilhar dos zagueiros. Na Rússia, essa
dificuldade era de Alexander Kokorin. Primeira a perceber isso, a
seleção belga voltou a apostar em Mertens. Aos 35 minutos, ele colocou a
bola entre as pernas de Kombarov, dentro da área, e bateu à meia
altura, para defesa de Akinfeev. O ponta ainda provocou cartão amarelo
ao ser atingido após uma tentativa de chapéu em Denis Glushakov.
O
camisa 8 russo se queixou bastante com a arbitragem pela advertência
recebida, mas respondeu bem pouco depois, quando a Rússia cresceu de
produção no final do primeiro tempo. Depois de Fayzulin ficar com rebote
de escanteio e chutar por cima de gol, Glushakov fez um cruzamento
certeiro para o meio da área, onde estava Kokorin. Entre os dois
zagueiros belgas, o atacante subiu e cabeceou à esquerda de Courtois, na
última boa chance antes do intervalo.
A segunda etapa foi tão
equilibrada quanto o final da primeira. Aos 12 minutos, Kokorin quase
marcou de bicicleta. Na sequência da jogada, a Bélgica disparou para o
campo de ataque e pediu pênalti de Sergey Ignashevich em Divock Origi,
atacante que havia substituído o inofensivo Lukaku.
Mas as melhores
oportunidades estavam reservas para os momentos finais, depois de a
torcida brasileira presente vaiar e brincar com gritos típicos do
futebol nacional.
Aos 38 minutos, o atacante Kevin Mirallas
acertou uma cobrança rasteira de falta na trave direita. Dois minutos
depois, Hazard chutou à esquerda da meta. Aos 42, o camisa 10 fez outra
grande jogada, desta vez para que finalmente o placar fosse inaugurado.
Ele avançou pelo lado esquerdo, chegou à linha de fundo e atrasou para
Origi bater de primeira, estufar a rede russa e garantir a segunda
vitória da Bélgica na Copa do Mundo.
Tossiro Neto, enviado especial Rio de Janeiro (RJ) - GAZETA ESPORTIVA.
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