A Seleção Brasileira teve suas chances em Fortaleza, mas acabou parando no bom goleiro Ochoa - Sergio Barzaghi/Gazeta Press.
Os mexicanos sabiam por experiências anteriores que “sí, se puede”,
conforme eles gritaram durante todo o jogo desta terça-feira, no
Castelão. Acostumado a encontrar dificuldades contra o México, o Brasil
aumentou o seu estigma com um empate por 0 a 0 na segunda rodada do
grupo A da Copa do Mundo. O resultado manteve as duas seleções igualadas
na liderança, com 4 pontos cada.
Vindo de uma vitória por 3
a 1 sobre a Croácia, o Brasil encontrou dificuldades para se posicionar
com o meio-campista Ramires na vaga
do atacante Hulk, com um incômodo na coxa esquerda, e levou alguns
sustos do time que havia feito 1 a 0 sobre Camarões na estreia. No
final, já com Bernard, Jô e Willian, tentou de todas as formas chegar ao
gol. E parou na grande atuação do goleiro Ochoa.
Ainda
invicto, mas sem 100% de aproveitamento, o Brasil jogará pela
classificação às oitavas de final contra Camarões às 17 horas (de
Brasília) de segunda-feira, no Mané Garrincha, enquanto Croácia e México
irão se enfrentar na Arena Pernambuco. Camaroneses e croatas
completarão a segunda rodada da chave na noite desta quarta-feira, na
Arena Amazônia.
O jogo – Luiz
Felipe Scolari teve novamente o ambiente que queria para uma partida da
Seleção Brasileira em Copa do Mundo. O já tradicional Hino Nacional
cantado à capela se repetiu no Castelão, levando às lágrimas até alguns
voluntários da Fifa. A ideia para o jogo contra o México, no entanto,
era não repetir também o nervosismo dos primeiros minutos da vitória
sobre a Croácia.
Não foi possível eliminar todos os sinais de
ansiedade. A Seleção deu a saída antes mesmo da autorização do árbitro
Cuneyt Cakir. Errou alguns passes no princípio do jogo e não se mostrou
ambientada à entrada do meio-campista Ramires no lugar do atacante Hulk,
poupado. Era tudo o que o México queria para sedimentar a sua fortaleza
no Ceará.
Sob os gritos de “sí, se puede” de seus torcedores, em
grande número nas arquibancadas, os mexicanos justificaram o discurso do
técnico Miguel Herrera e foram ao ataque. Não fizeram o goleiro Júlio
César trabalhar com intensidade em suas investidas iniciais, porém
aquilo era o suficiente para incomodar Felipão, irrequieto na área
técnica.
Aos poucos, o Brasil ganhou terreno. O primeiro susto que
deu nos mexicanos ocorreu aos 10 minutos, em um cruzamento da esquerda
de Oscar. Fred arrematou firme, acertando o lado externo da rede – e
ludibriando aqueles que gritaram “gol” e talvez o próprio assistente,
que ameaçou correr para o centro do campo. Depois, ele ergueu a
bandeirinha. Era a primeira das muitas vezes em que o centroavante
brasileiro ficava impedido.
Fred não era o único que se mostrava
deslocado. Daniel Alves irritou os mexicanos com algumas jogadas mais
ríspidas, enquanto Ramires não sabia se atacava ou se defendia. Paulinho
jogava como no Tottenham, e não como no Corinthians. Neymar tentou
resolver o problema sozinho, com algumas arrancadas que levantaram o
público presente, mas não conseguia transpor a bem armada defesa
adversária.
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Os mexicanos não se limitaram a defender e criaram problemas para o goleiro Júlio César - AFP.
Como
o Brasil não se impôs, o México retornou ao campo ofensivo. Peralta, o
carrasco brasileiro nas últimas Olimpíadas, quase fez fila dentro da
área de Júlio César. Mais tarde, Herrera testou o goleiro com uma
finalização forte, de longe. A Seleção só foi responder aos 25 minutos,
quando Neymar apareceu bem pela esquerda e permaneceu na área. No
cruzamento de Daniel Alves, a sua cabeçada parou na grande defesa de
Ochoa.
Para conter qualquer esboço de animação do Brasil, o México mostrou a Daniel Alves que também sabia jogar
duro – postura que impacientou o habitualmente sereno coordenador
técnico Carlos Alberto Parreira, pois o árbitro apitava poucas faltas.
Só Ramires foi punido com um cartão amarelo no primeiro tempo de
partida.
Faltou emoção nos minutos que antecederam o
intervalo. Pelo menos, dentro de campo. Nas arquibancadas, os mexicanos
aproveitaram os momentos de desânimo da torcida brasileira para chamar
Júlio César de “p...” a cada reposição de bola. Fizeram tanto sucesso
que acabaram copiados pelo público adversário, já entediado de cantar
que é “brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”.
Felipão
tentou contentar os brasileiros com a “alegria nas pernas” de Bernard,
como gosta de dizer, no lugar de Ramires no segundo tempo. Parecia que
daria certo. Logo em sua primeira participação, o jogador arrancou em velocidade
pela direita e fez um bom cruzamento para Neymar, interceptado pela
zaga. O que se seguiu, contudo, foi uma série de finalizações mexicanas.
Com direito a gritos de “olé’ para a troca de passes visitante.
Sergio Barzaghi/Gazeta Press
Neymar pediu o apoio da torcida, que não foi suficiente para o Brasil conquistar a sua segunda vitória - AFP.
O
técnico do Brasil, então, precisou agir novamente. Sacou Fred para a
entrada do aplaudido Jô pouco após Neymar cobrar uma falta com perigo,
para fora. O camisa 10 melhorou com a mudança de companheiro de ataque.
Aos 23 minutos, estufou o peito para dominar a bola dentro da área e
bateu forte, mas em cima de Ochoa. Houve quem berrasse “gol” antes da
hora.
Tão desesperado quanto a torcida nos minutos finais, a
Seleção Brasileira passou a abusar dos lançamentos longos e das jogadas
aéreas. A última grande oportunidade de gol foi justamente pelo alto.
Aos 40 minutos, Neymar levantou a bola na área em cobrança de falta da
esquerda, e Thiago Silva não marcou o gol de cabeça porque Ochoa
defendeu bem para provar ao Brasil outra vez que “sí, se puede”.
Helder Júnior, enviado especial Fortaleza (CE) - GAZETA ESPORTIVA.
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