Apesar da boa presença no ataque, os franceses não conseguiram criar chances claras de gol - Fernando Dantas/Gazeta Press.
O Equador não repetiu o feito dos outros sul-americanos e caiu na fase de grupos da Copa do Mundo.
Precisando de uma vitória nesta quarta-feira, a equipe treinada
Reinaldo Rueda não fez um bom jogo diante da França (que já tinha a
classificação muito bem adiantada) e empatou por 0 a 0. Não somente
devido ao seu questionável esquema tático, mas também por ter passado
grande parte do segundo tempo com um jogador a menos, após expulsão do
volante Antonio Valencia.
O empate teria bastado para se
garantir nas oitavas de final se a Suíça não tivesse vencido Honduras
por 3 a 0, na outra partida do grupo E. Com esses resultados, franceses
(sete pontos) e suíços (seis) é que avançam, respectivamente na primeira
e na segunda colocações. A França jogará em Brasília contra a Nigéria,
em 30 de junho. No dia seguinte, a Suíça terá pela frente a Argentina
(uma das quatro seleções sul-americanas classificadas), em São Paulo.
Eliminado,
Reinaldo Rueda talvez tenha se arrependido por armar o Equador em um
sistema cauteloso, no qual sacou o atacante Felipe Caicedo para reforçar
o meio-campo com Michael Arroyo. A intenção era atrair o adversário
para o seu campo e apostar em contragolpes.
Na etapa inicial, faltou
apenas a segunda parte, já que, desde o início do jogo, os europeus
partiram para cima.
O principal escape francês era pelo lado
esquerdo do ataque, com tabelas entre Lucas Digne e Moussa Sissoko. A
partir daí, porém, não saíam grandes jogadas para Karim Benzema,
atacante que jogada isolado dentro da área e era vigiado de perto pelos
zagueiros Fickson Erazo (conhecido do público brasileiro por ser jogador do Flamengo) e Jorge Guagua.
No
outro confronto da rodada, a Suíça abriu o placar logo aos seis minutos
diante de Honduras, o que forçava uma vitória equatoriana. Mas, como o
outro resultado do grupo não foi anunciado no placar eletrônico, os
jogadores de Reinaldo Rueda mantiveram a sonolenta estratégia de esperar
por uma boa bola. Que não viria, até porque a equipe sul-americana mal
passava do meio-campo.
Mesmo com um jogador a menos ao longo de quase todo segundo tempo, o Equador segurou os franceses - Fernando Dantas/Gazeta Press.
Só
que a França também não fazia por merecer. Nas poucas vezes em que
conseguiu finalizar a gol, finalizou sem perigo. Aos dez minutos,
Antoine Griezmann chutou fraco, à esquerda da meta defendida pelo
grandalhão Alexander Domínguez. Quatro minutos depois, quem pegou mal na
bola (de primeira e perna esquerda) foi Sissoko, após cruzamento para o
meio da área.
A ineficiência francesa começou a encorajar os
equatorianos, que, com muita dificuldade, passaram a trocar passes e
habitar mais o campo de ataque. Aos 19 minutos, depois de quase ter
saído por conta de uma dividida, Enner Valencia aproveitou saída de bola
errada do adversário e partiu em direção à área. Isolado, entretanto,
foi desarmado pela chegada da defesa. Dois minutos mais tarde, cercado
por dois zagueiros, chutou pela linha de fundo.
A resposta da
França veio aos 26 minutos, no momento em que Sagna buscou Benzema
dentro da área, e ele só não tocou de cabeça porque Domínguez fez um
leve desvio na bola, tirando-a de seu alcance. A única finalização do
atacante seria aos 43 minutos, depois de limpar a marcação de Minda e
arrematar de perna direita, para boa defesa do goleiro equatoriano.
Antes
disso, o primeiro tempo ficou marcado por uma série de divididas e
atendimentos médicos.
O equatoriano Cristhian Noboa precisou sair de
campo para estancar sangramento na cabeça - jogou até o final com uma
toca vazada. Depois, Blaise Matuidi e Bacary Sagna, pela França, levaram
a pior e reclamaram em vão com a arbitragem.
O Equador ainda teve
um bom lance antes do intervalo, em cabeceio de Valencia que obrigou
Lloris a fazer uma difícil defesa junto à trave esquerda, já caído em
campo. Mas, pela demora com que repunha a bola em jogo, o time
sul-americano parecia que deixaria para se arriscar somente na segunda
etapa. E foi assim mesmo. Mas à base de sustos, como no desvio de
Griezmann que Domínguez defendeu no reflexo, com o peito, vendo a bola
tocar a trave na sequência, logo no primeiro minuto.
Aos
quatro minutos, em uma tentativa de partir para o ataque, Antonio
Valencia adiantou demais a bola e pisou no joelho de Digne, que havia se
antecipado bem com um carrinho. Enquanto o francês se queixava de dores
e era atendido no gramado, o árbitro se dirigiu ao capitão equatoriano e
lhe mostrou o cartão vermelho direto. Nos telões do estádio, a
expressão dos torcedores do Equador foi de incredulidade e desespero,
tendo em conta a obrigação de vencer para seguir na competição.
Expressão
que mudou aos oito minutos, em um excelente contra-ataque de três
equatorianos contra dois franceses. Àquela altura, um gol recolocaria o
Equador na segunda posição da chave. Mas, ao receber passe na entrada da
área, pelo lado direito, Noboa finalizou torto. Apesar da grande chance
desperdiçada, os torcedores continuaram a gritar na arquibancada. "Sí,
se puede", repetiam, ainda confiantes no resultado.
Essa confiança
foi diminuindo na medida em que a França passou a aproveitar melhor a
vantagem de ter um jogador a mais - momento em que Benzema teve mais
espaço para aparecer. Aos 12 minutos, ajeitou para Pogba chutar em cima
da defesa. Dois minutos depois, o atacante recebeu de costas para o gol,
girou e rolou para Matuidi bater direto nas mãos de Domínguez, que fez a
defesa em dois tempos.
O terceiro gol da Suíça, aos 26 minutos,
praticamente calou os equatorianos no Maracanã.
Jogando com
um a menos, o Equador precisaria de dois gols para evitar a eliminação
precoce. E até tentou o improvável. Aos 35 minutos, Arroyo desceu em
velocidade pela ponta esquerda, pegando a defesa francesa bagunçada, mas
chutou para fora.
No minuto seguinte, lançado por Paredes, Ibarra bateu
cruzado e viu Lloris evitar o gol, com uma bela defesa. Foram os
últimos suspiros da primeira equipe sul-americana eliminada do Mundial.
Tossiro Neto Rio de Janeiro (RJ) - GAZETA ESPORTIVA.
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