Projeto no Rio de Janeiro ainda passava por obras no início de junho (Foto: Gabriel Barreira/G1).
Das 45 obras inauguradas, 15 estão incompletas, segundo levantamento.
Governo federal vê falha em projetos como um dos motivos para atraso.
Faltando um dia para o início da Copa do Mundo no Brasil, apenas 51,7%
das obras de mobilidade urbana e aeroportos nas cidades-sede foram
entregues, segundo um levantamento feito pelo G1. Dos 45 projetos inaugurados, 15 estão incompletos por causa de atrasos e cancelamentos.
Das 74 obras de mobilidade e das 13 em aeroportos, 32 foram descartadas
para a Copa e devem ficar prontas somente depois da competição. A
inauguração de outras dez deve acontecer até esta quinta-feira (12) ou
durante os jogos, segundo os gestores.
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Entre as justificativas apontadas para o atraso ou cancelamento dos
projetos estão burocracia, imprevistos, disputas judiciais sobre
desapropriações, modificação nos planejamentos iniciais e problemas com
empresas contratadas, entre outros.
No Rio Grande do Sul, de 11 obras, nove devem ser entregues apenas após
o Mundial. Em dezembro de 2013, a Prefeitura de Porto Alegre já havia
afirmado que a maioria dos projetos será entregue somente depois do
evento. Agora, o Executivo diz estar concentrado nas obras do entorno do
Estádio Beira-Rio, cuja finalização está prevista para este domingo
(15), durante a competição.
Em Mato Grosso, das dez obras previstas em Cuiabá, sete devem ser
concluídas só depois da Copa. Entre elas, está a ampliação do Aeroporto
Internacional Marechal Rondon, que sofreu atrasos por causa de
adequações no projeto. A reforma deve ser concluída em agosto.
Já no Rio, três das quatro obras previstas foram entregues – sendo duas
incompletas. A Estação Multimodal, única não entregue, deve ser
inaugurada neste domingo. (Veja na tabela no fim do texto a situação das obras prometidas para a Copa em cada uma das 12 cidades-sede.)
Obra de viaduto do VLT em Cuiabá, no final do ano passado (Foto: Renê Dióz/G1).
Verbas federais e falhas nos projetos.
De acordo com o Ministério das Cidades, desde 2007 o governo federal destinou R$ 143 bilhões para investimentos em mobilidade, sendo que R$ 102 bilhões (71,3%) são para obras nas cidades-sede do Mundial. A responsabilidade da execução é dos governo estaduais e municipais.
"Todas as obras previstas inicialmente continuam com recursos de
financiamento público com juros subsidiados disponíveis e serão
concluídas conforme cronograma de execução. Até o momento, oito obras de
mobilidade urbana já estão concluídas e 18 empreendimentos estão em
operação. O restante está em execução pelos governos estaduais e
municipais e será entregue na medida em que for concluído por parte das
cidades-sede", informou a pasta, sem dar detalhes sobre cada projeto.
O ministério apontou como uma das principais dificuldades para o
andamento das obras a fragilidade ou a falta de planejamentos de
qualidade. "No desenvolvimento dos projetos básicos, o governo federal
observou a necessidade de readequações, seja pela redução do número de
desapropriações/reassentamentos, por questões ambientais ou de
engenharia."
Sobre as desapropriações e conflitos de habitação – que foi um dos
principais motivos de atrasos em obras e também bandeira em protestos
pelo país contra a realização da Copa –, o Ministério das Cidades
informou que cada município deve alcançar um equilíbrio "entre as
soluções para o transporte coletivo e as demandas habitacionais".
Aeroportos
Dos 13 aeroportos das cidades-sede (incluindo o de Viracopos, em Campinas, que serve de acesso a São Paulo), nove foram entregues, de acordo com o levantamento do G1. Desses, quatro ainda têm pendências e obras inacabadas.
De acordo com o secretário executivo da Secretaria de Aviação Civil,
Guilherme Ramalho, a pasta está "satisfeita e otimista" com o andamento
das obras. Segundo ele, considerando todos os aeroportos que atendem as
capitais brasileiras, foram investidos R$ 11,3 bilhões entre 2011 e
2014. Com esse valor, foram construídos 1,4 milhão de m² de novos
pátios, e a área de terminais dobrou.
Ramalho ressaltou que o setor, que está com um crescimento médio de 10%
ao ano, deve continuar em obras pela próxima década. "A Copa funcionou
como um catalisador, mas não fizemos investimento para ela, tanto que
temos obras que vão continuar depois. Não faz sentido fazer aeroporto só
para a Copa, não é como estádio", disse.
O Aeroporto de Fortaleza terá um terminal provisório durante a Copa (Foto: Portal da Copa/Divulgação).
Entre os aeroportos das cidades-sede, o caso mais emblemático é o de
Fortaleza, cujo contrato foi rescindido. Um terminal provisório remoto –
apelidado de ''puxadinho'' – vai ser usado como uma das áreas de
embarque durante o Mundial. A estrutura custou R$ 1,79 milhão.
Apesar dos atrasos, Ramalho afirmou que Fortaleza está preparada para
receber os turistas nesse período, assim como as outras capitais.
"Quando tem um conjunto de obras desse tamanho, há dificuldades. Às
vezes, dá azar. Em Fortaleza aconteceu isso. Suprimos a obra do
terminal, que deu problema com a empresa contratada, com uma estrutura
provisória."
Além disso, o projeto de Fortaleza foi contratado com o prazo de
entrega para 2017, segundo o secretário executivo. "O que se previa é
que tivesse uma entrega parcial, de 25%, neste mês. Não foi entregue,
mas a parte de pátio foi concluída, o que aumentou a capacidade",
apontou Ramalho.
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