O primeiro teste da Seleção Brasileira
desde a reunião dos 23 convocados para a Copa do Mundo mostrou o que
todos já sabem: Neymar é a principal esperança do time. Quando o Serra
Dourada já tinha vaias dominando as arquibancadas, o astro chamou a
responsabilidade e transformou a irritação em festa comandando a goleada
por 4 a 0 sobre o Panamá.
O povo goiano mostrou que apoiaria
enquanto visse qualidade e se irritou com os erros do nervoso time de
Luiz Felipe Scolari até os 25 minutos do primeiro tempo, quando Neymar
driblou rivais e só foi parado com falta, que cobrou com precisão para
abrir o placar.
A partir daí, o camisa 10 mostrou que merece o uniforme que veste e a condição de maior atleta brasileiro
do momento. Na esteira do craque, Daniel Alves fez 2 a 0 aos 39 do
primeiro tempo, Hulk aproveitou passe de calcanhar de Neymar para fazer o
seu com menos de um minuto no segundo tempo e Willian, aos 27, saiu do
banco para selar a goleada em outra jogada com participação do
ex-atacante do Santos.
A Seleção terminou seu
primeiro teste com o grupo da Copa ouvindo “olé” e o nome de Neymar
sendo intensamente cantado. Antes de estrear no Mundial no dia 12,
contra a Croácia, ainda terá amistoso na sexta-feira, contra a Sérvia,
quando encarará a tradicionalmente exigente torcida paulista no Morumbi.
O jogo –
Os primeiros minutos mostraram que a Seleção entendeu as broncas de
Luiz Felipe Scolari para não deixar espaço nos contra-ataques e marcar
firme. Só esqueceu de jogar. Fora do Mundial, o Panamá mostrou que
jogava a sua Copa do Mundo no amistoso e, por dez minutos, não deixou os
anfitriões nem passarem do meio-campo.
A ansiedade e a tensão que
mexem até com o técnico foi vista no gramado, com dante, David Luiz e
até Neymar cometendo faltas duras. Felipão se irritava com o que via,
batendo em suas pernas, girando ao reclamar sozinho e se levantando e
sentando no banco sem saber como fazer o time andar.
A Seleção terminou o 1º teste da Copa ouvindo “olé” e o nome de Neymar sendo intensamente cantado.
Vendo
que o time precisava de apoio, a torcida começou a gritar “Brasil”.
Taticamente, Scolari, após tanto gritar, foi atendido pelos jogadores: a
equipe passou a jogar no 3-5-2, com Luiz Gustavo atuando como líbero e,
também, líder, mexendo os braços para que os colegas ouvissem o chefe e
jogassem no campo adversário.
A Seleção deixou de ser acuada,
mas ainda não conseguia jogar e cometia erros fáceis, claras
consequências de nervosismo. A paciência dos torcedores acabou quando
Oscar não conseguiu fazer um domínio fácil na lateral e se tornou a
senha para que as vaias começassem, aos 19 minutos. Nem Neymar foi
perdoado ao tentar uma sequência de dribles que não serviu para nada.
Mas
Neymar nem sempre erra. Sem se intimidar com a irritação que já tomava
conta do estádio, o atacante tentou nova sequência de dribles e levantou
a torcida ao ser derrubado na meia-lua. Das arquibancadas, ouvia-se o
intenso grito de “gol” que tantos dizem dar azar. Isso, porém, não
atinge o camisa 10, que transformou a infração em um golaço, cobrando a
falta no ângulo e abrindo o placar aos 26 minutos.
Dos pés do
craque, tudo mudou. Aos 27, deu caneta na área e ofereceu chance clara
que Fred errou, mas foi perdoado por uma torcida que já aceitava tudo.
Neymar era o dono do que acontecia em campo e fora dele, logo
estimulando o canto “eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito
amor” e retribuindo com acenos a histeria que causava ao cobrar
escanteios.
Em campo, o camisa 10 driblou até o árbitro. Foi
mostrando seu repertório de fintas com chapéu e gingas desconcertantes a
ponto de mudar o clima amistoso, irritando adversários e causando
confusão a ponto de ter levado amarelo por não aceitar ver um bolo de
panamenhos intimidá-lo.
A confiança de Neymar só não fez Ramires
aparecer dando a dinâmica que deveria, mas foi transmitida aos colegas.
Na prática, ao atrair marcadores, o jogador do Barcelona abriu espaço
para os colegas jogarem. O principal beneficiado foi Oscar, que logo se
viu transitando livre na intermediária.
Aos 39 minutos,
desmarcado, o camisa 11 aproveitou bola que sobrou após choque de Neymar
com a zaga e a entregou com estilo em um toque de três dedos para
Daniel Alves, também com espaço consequente da preocupação com Neymar,
chegar de trás na ponta direita e balançar as redes.
A torcida já
tinha o que queria e mostrou fazendo “ola” independentemente do que via
em campo. Era o ambiente perfeito também para Felipão testar seu grupo,
usando todas as seis alterações que podia no segundo tempo e dando a
quem saiu a chance de ser aplaudido intensamente.
Quem dava tanta
tranquilidade anulou qualquer chance de tropeço com menos de um minuto
de segundo tempo. Em mais um lance de pura inspiração na tarde, Neymar
tocou de calcanhar para Hulk, sem nenhum incômodo na grande área, fazer 3
a 0 com 50 segundos de etapa final.
A partir daí, foi só festa
até para os panamenhos, que deram chance, inclusive, ao seu goleiro
reserva de jogar no país da Copa do Mundo no ano do Mundial, embora a
seleção esteja fora do torneio e tenha participado de um amistoso
organizado em uma cidade que não terá partidas da competição. Mas a
terça-feira foi de festa para todos.
Aos brasileiros, só restava
um gol para o placar ficar tão dilatado quanto a alegria de quem viu
Neymar jogar nesta tarde. O craque garantiu isso, deixando contente até
reservas da Seleção. Aos 27 minutos, acionou Maxwell, que cruzou para
Willian selar a vitória por 4 a 0.
Então, por cerca de 20 minutos,
o que se viu foi o povo goiano, fora da Copa do Mundo, gritando “olé” e
o nome de Neymar. O árbitro boliviano Raul Orosco, contudo, tentou
estragar expulsando o panamenho Torres e marcando pênalti antes de
perceber seu erro e atender ao assistente, que já marcava impedimento.
Confusão isolada em um dia de festa.
William Correia, enviado especial Goiânia (GO).
GAZETA ESPORTIVA.
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